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30 de out. de 2011

Banco Bradesco

          Uma antiga lenda diz que o nome Banco Brasileiro de Descontos - BBD originou-se do povo, que chamava a Casa Bancária Almeida & Cia. Ltda. fundada em 1941, de "Banco dos Dez Contos". Na verdade nasceu com o nome de Banco de Descontos. O Brasileiro veio de sua vocação. A primeira filial em São Paulo foi aberta em 1945 na rua Álvares Penteado. O Bradesco foi o primeiro banco onde se podia pagar e receber as mais diversas contas, inovação que expandiu rapidamente a clientela de um banco que começou quando um grupo de amigos comprou a quase falida Casa Bancária Almeida de Marília no ano de 1943, que transformou-se em Bradesco. Amador Aguiar foi um dos fundadores e transformou o pequeno banco num dos maiores bancos privados do país, atendendo a todas as classes sociais.
          No início de sua carreira, Aguiar foi funcionário do Banco Noroeste, onde era colega de um jovem chamado Laudo Natel (1920-2020). Mais tarde, Aguiar o levaria para o Banco Brasileiro de Descontos. Natel acompanhou o amigo, sendo por muito tempo o seu braço-direito, chegando a diretor do banco. Laudo Natel foi governador de São Paulo por duas vezes, de 1966 a 1967 e de 1971 a 1975.
          O sucessor de Aguiar, Lázaro de Mello Brandão, que entrou como escriturário numa pequena agência em Marília, interior de São Paulo, em 1942, ao passar para o conselho de administração, em 1999, passa o bastão para Márcio Cypriano, oriundo do BCN, que mais tarde, é sucedido por Luiz Carlos Trabuco Cappi. Em 5 de fevereiro de 2018, o Bradesco decide que seu novo presidente, o quinto desde sua fundação, passa a ser Octavio de Lazari Junior. Trabuco vai para o conselho de administração.
          Em 1946 o banco transfere a matriz para a capital paulista e em 1953, como maior banco do país, começa a construir sua sede em Osasco. Em 1962, o Bradesco é a primeira empresa brasileira a comprar um computador para gerar extratos diários das contas. Em 1963 Lázaro Brandão passou a compor a Diretoria Executiva. Em 1968, incorpora o Banco Inco, com forte presença nas principais cidades catarinenses. Em 1971, o Bradesco comprou o  Banco Mineiro do Oeste, de Belo Horizonte, que passava por dificuldades e pertencia a João do Nascimento Pires. Em 1978 chegou à milésima agência, inaugurando duas nos extremos do país: Oiapoque e Chuí. Três anos depois, em 1981, é lançado o primeiro cartão magnético para acesso às contas e é inaugurada a primeira agência com auto-atendimento em São Paulo. O cartão magnético, que a princípio teria sido lançado para uso de pessoas mais antenadas com tecnologia, acabou servindo como uma luva para os clientes mais humildes, com dificuldade, por exemplo, para preencher cheques.
          Em 1981, Lázaro de Mello Brandão assumiu a Presidência Executiva e, em 1982, a Vice-Presidência do Conselho de Administração, passando à Presidência do Órgão em fevereiro de 1990.
          No final dos anos 1990, o Bradesco cria o Shopinvest (não confundir com Investshop do Bozano, Simonsen). Entre outras atribuições, o site permitia fazer investimentos online em fundos.
          A fase de aquisições de bancos começa em 1997 quando compra o BCN do banqueiro Pedro Conde. No dia 27 de outubro formalizou seu interesse e em poucos dias o negócio foi finalizado. Essa aquisição mostrou mudança de filosofia no Bradesco. Por fora, o espartano prédio da presidência mantém nas paredes externas os velhos ladrilhos amarelos retangulares que o revestem desde a inauguração, e na entrada principal está lavrado o lema do fundador Amador Aguiar: "Só o trabalho pode produzir riqueza". Lá dentro, porém vários dogmas caíram. Pelos mandamentos de Aguiar, o Bradesco só poderia ser dirigido por pessoas moldadas por muitos anos de casa. Isso mudou com a compra do BCN. O BCN era lucrativo e estava redondo, mas Conde não tinha sucessor. Quando comprou o BCN, o Bradesco não queria apenas agências, clientes e funcionários. "Estávamos interessados no conhecimento que eles tinham no segmento de pequenas e médias empresas" disse Márcio Cypriano, presidente do Bradesco e que presidiu o BCN após a compra. O banco de Pedro Conde permaneceu operando em separado e serviu de laboratório para testar ideias e sistemas. Se tivesse sido imediatamente integrado, suas competências se diluiriam na imensa organização do Bradesco. Os bons resultados garantiram a Cypriano a indicação para ocupar o lugar de Lázaro Brandão, o sucessor de Amador Aguiar, à frente do Bradesco.
          Em 1998 arremata os bancos estaduais Credireal (MG), Baneb (BA) e Banco do Estado do Amazonas. E a década seguinte é repleta de aquisições como a compra do português Banco Boavista InterAtlântico (2000), Bancos Cidade e Mercantil de São Paulo, o Mercantil Finasa do banqueiro Gastão Vidigal (2002), Banco Bilbao Vizcaya Argentaria Brasil (BBV) e Grupo Zogbi (2003), Banco do Estado do Maranhão - BEM (2004), Banco do Estado do Ceará (2005), Banco BMC (2007) e Banco Ibi, da C&A (2009).
          Em fevereiro de 2006, o Bradesco lança oficialmente o BBI, o banco de investimentos da casa. Coube a José Luiz Acar Pedro, vice presidente responsável pela área de patrimônio, a criação de uma estrutura totalmente nova, que pouco tem a ver com a conservadora cultura do Bradesco. Além de mudar a estrutura de remuneração, criando bônus agressivos típicos dos bancos de investimentos, Acar trouxe um forasteiro, Bernardo Parnes, para comandar a nova estrutura, algo raro num banco que se orgulha de formar seus profissionais.
          Em março de 2006, o Bradesco paga meio bilhão de dólares para avançar no mercado de alta renda. Quando Márcio Cypriano, presidente do Bradesco, e Edward Gilligan, presidente da American Express International, assinaram a venda de parte das operações da Amex ao então maior banco privado brasileiro, ambos estavam resolvendo sérios problemas próprios. A Amex livrou-se de um negócio de cartões razoavelmente rentável, mas incapaz de crescer. O Bradesco, por sua vez, conquistou 1,2 milhão de potenciais correntistas de alta renda para oferecer seus produtos e serviços.
           Em maio de 2011, o  Bradesco fez uma oferta agressiva porque queria ampliar sua presença no Rio de Janeiro e adquiriu através de um leilão o controle do Banco do Estado do Rio de Janeiro (Berj), pelo qual pagou R$ 1,8 bilhão, incluindo a folha de pagamentos do Estado e outras despesas da operação. O Berj foi a parte que sobrou da liquidação em 1996 do antigo Banerj (arrematado pelo Itaú).
          Na década de 1970, Amador Aguiar e Walther Moreira Salles, então presidente do Unibanco, assinaram um protocolo de fusão das duas instituições, mas a possibilidade de ter de fazer concessões levou Aguiar a desistir do negócio. Aguiar nunca foi convencido, e até hoje o Bradesco segue essa premissa, de manter o controle dos bancos comprados. O Unibanco acabou se associando ao Itaú em 2008 - o arquirrival se tornou o maior banco do país, posto que havia sido do Bradesco por quase 60 anos. Difícil de dar o troco. Por enquanto, o troco veio essencialmente em forma de crescimento orgânico, com a abertura de agências e a captura de clientes nos cafundós do país.
          A proximidade dos executivos no dia a dia de trabalho, conforme instituído por Amador Aguiar e seguido por Lázaro Brandão, permite que a cúpula esteja sempre disponível para discutir e isso dá agilidade às decisões. Um exemplo de "ligeireza" foi a reação à perda da licitação para operar o Banco Postal como parceiro dos Correios em 2011. Para continuar atuando em municípios em que só estava presente por meio do Banco Postal, o Bradesco saiu abrindo agências - em seis meses, inaugurou 1000 filiais, o equivalente ao total, somado, de HSBC e Citi no Brasil.
          O controle da instituição é dividido entre executivos, conselheiros e herdeiros de Amador Aguiar, que faleceu em 1991. Lázaro de Mello Brandão prepara a sua sucessão no conselho de administração e o sucessor provavelmente será o atual diretor presidente, Luiz Carlos Trabuco Cappi, que assumiu a presidência em janeiro de 2009. Um dos sinais mais visíveis para este desfecho, é o fato de Trabuco ter aberto mão do cargo de ministro da Fazenda, considerado por muitos o segundo cargo mais importante do país, após convite feito em dezembro de 2014.
          Em 2 de agosto de 2015, sob o comando de Luiz Carlos Trabuco Cappi, na maior aquisição já realizada pelo banco da Cidade de Deus, o Bradesco anuncia a compra do HSBC Brasil, por 5,2 bilhões de dólares, o que corresponde a 1,8 vez o patrimônio do HSBC. O Bradesco passa a ter então 30,6 milhões de clientes, cerca de 5.400 agências, aproximadamente 4.000 postos de atendimento e 1,2 trilhão de reais em ativos.
          E o Bradesco continua um arquipélago de ilhas que não se conectam entre si quando o assunto é o perfil de seus clientes. Ainda durante a gestão do presidente Márcio Artur Laurelli Cypriano, levaram até ele a ideia de que o cliente estava sendo analisado pelo conjunto de produtos que possui com o banco. Não era bem assim. O tempo passou e, aparentemente, o isolamento das áreas de produtos continua. Em junho de 2017, um cliente, portador de um cartão de crédito recém emitido, cujo limite correspondia a 0,25% do que tinha ele aplicado no banco, pediu um aumento de limite que faria com que este passasse a corresponder a 0,28% do valor em aplicações. Não foi atendido. Repetiu a solicitação e, ..... não foi atendido novamente. Aparentemente, a área de cartões não tem conhecimento do conjunto de valores investidos, para imaginar que o cliente pudesse dar o calote. Quatro meses depois, o "sistema", provavelmente baseado em inteligência artificial, aumentou o limite, mas aí foi em demasia, de maneira completamente desproporcional ao valor reivindicado pelo cliente.
          Também parece ficar evidente que o cliente que vai à agência passou a ser uma persona non grata. Acontece que até a sala de auto atendimento está ficando mais inóspita. A retirada das mesinhas/balcões (investimento já feito), parece ser um recado do tipo: "se quiser fazer anotações que o faça em casa e não aqui". Outro aspecto é o esforço que o banco faz para que o cliente não use o Caixa. Inclusive no Prime. Imagine o ator Rodrigo Santoro, que fez comercial do Prime em horário nobre, numa passagem pelo Brasil (ele mora nos Estados Unidos), indo pessoalmente à agência efetuar um pagamento e, digamos que não seja reconhecido. Provavelmente ouviria da recepcionista: "o senhor pode efetuar o pagamento no caixa eletrônico, se quiser, eu lhe ajudo".
          No tocante a marketing, cliente ou não do Bradesco, o espectador de TV, mesmo a TV por assinatura, passou a ter que ouvir a voz daquele que por muitos e muitos anos interrompia sem pedir licença a cessão de cinema para falar sobre o BBB.
          Numa terça-feira, 10 de outubro de 2017, Lázaro de Mello Brandão, aos 91 anos, com 75 anos de grupo, deixa a presidência do conselho de administração do banco. Ele permanecerá na presidência do conselho de administração das sociedades controladas do grupo. Brandão iniciou sua carreira em 1942 na Casa Bancária Almeida & Cia, instituição financeira que, em 1943, se transformou no Banco Brasileiro de Descontos, atual banco Bradesco, passando por todos os escalões da carreira bancária. Ele foi presidente da Diretoria de janeiro de 1981 a março de 1999 e assumiu a presidência do Conselho de Administração da instituição em fevereiro de 1990.
          No lugar de Lázaro Brandão, assumiu o presidente da instituição, Luiz Carlos Trabuco Cappi, que acumulou os dois cargos, a presidência do banco e do conselho de administração até março de 2018, ocasião em que foi eleito o novo diretor-presidente do Bradesco. No páreo para substituir Trabuco, estavam os vice-presidentes: Alexandre Glüher, Domingos Abreu, Mauricio Minas, Marcelo Noronha, Josué Pancini e Octavio de Lazari Junior. Sua saída foi postergada com a ampliação da idade limite para exercício do cargo de diretor presidente, que passou de menos de 65 para menos de 67 anos, em setembro de 2016. Com a eleição de Trabuco para presidir o conselho de administração do Bradesco, o cargo de vice-presidente, até então ocupado por ele, passará para Carlos Alberto Rodrigues Guilherme, membro do órgão desde 2009.
          Em 5 de fevereiro de 2018, o Bradesco decide que seu novo presidente, o quinto desde sua fundação, passa a ser Octavio de Lazari Junior, que substitui Luiz Carlos Trabuco Cappi. Com 40 anos de casa, Lazari entrou no banco em 1978, aos 15 anos, como office boy de uma agência na Rua 12 de Outubro, no bairro paulistano da Lapa, onde seu pai tinha conta. Foi tirado dos gramados do Palmeiras onde jogava nas categorias de base. Vinte anos mais tarde, depois de ter ocupado diversos cargos, de caixa a gerente, ele assumiu os primeiros postos executivos na sede da instituição, em Osasco. Outros vinte anos se passaram até o anúncio para assumir o comando da segunda maior instituição financeira privada do país, um gigante então com 99.000 funcionários e 4.700 agências. Lazari ocupava a presidência da Bradesco Seguros. A experiência varejista pesou na escolha, segundo Trabuco.
          Continuando a investida contra a presença dos clientes nas agências, em março de 2018, o Bradesco teve mais uma ideia. Separou parte do clientes Prime, que aparentemente pertenceriam a uma classe "Prime Plus", que passaram a ser atendidos por gerentes que não ficam na agência. Teria sido criado um espaço próprio para acomodação desses (dessas) gerentes, cujo endereço não foi divulgado, e os (as) gerentes só iriam à agência quando o cliente solicitasse. Recadastramentos obrigatórios, por exemplo, que sempre foram feitos nas agências, passam a ser feitos por e-mail.
          Em outubro de 2018, o banco da Cidade de Deus comprou 65% da RCB Investimentos, empresa de recuperação de crédito, por R$ 224 milhões.
          Em 14 de janeiro de 2019, o Bradesco divulga reestruturação na diretoria que passará a ser composta por três grandes áreas voltadas a negócios (o segmento de alta renda passou a ser ocupado pelo vice-presidente Cassiano Scarpelli) e uma à infraestrutura, tecnologia da informação (TI) e recursos humanos (RH), todas coordenadas por vice-presidentes do banco.
          Em 6 de maio de 2019, o Bradesco divulga que fechou acordo com os acionistas controladores do BAC Florida Bank para a aquisição do banco norte-americano por aproximadamente US$ 500 milhões. O principal objetivo é ampliar a oferta de investimentos nos EUA aos seus clientes de alta renda (Prime) e do Private Bank. O BAC Florida vem oferecendo, a partir do Estado norte-americano da Flórida, por 45 anos, diversos serviços financeiros nos Estados Unidos, com destaque para pessoas físicas de alta renda não residentes. Em dezembro de 2021, usando o BAC Florida, o Bradesco lança a plataforma Bradesco Invest US. A proposta inicial é democratizar o acesso aos ativos externos, com a simplicidade de uma conta local. A abertura das inscrições é 100% digital. O alvo não são apenas os clientes brasileiros, mas também outros latino-americanos, público que já era atendido pelo BAC.
          Em 16 de outubro de 2019 faleceu o senhor Lázaro de Mello Brandão, aos 93 anos, presidente das empresas controladoras (holdings) do Bradesco. Lázaro Brandão foi o sucessor de Amador Aguiar, o fundador do banco.
          O Bradesco desmembrou seu banco digital Next em uma empresa à parte, com validade a partir de setembro de 2020. O Next passa a funcionar como uma das empresas do conglomerado financeiro da Organização Bradesco, “adquirindo maior autonomia e velocidade de gestão e de atuação”, anunciou o banco em comunicado.
          Em 14 de setembro de 2020, o Bradesco anunciou a criação do BITZ Serviços Financeiros, nova empresa do grupo, que ingressa no mercado brasileiro de carteiras digitais e contas de pagamento. A Cielo foi escolhida como prestadora de serviços de tecnologia do BITZ.
          Também em setembro de 2020, Bradesco e Itaú lideraram um aporte de US$ 15 milhões na startup Quanto, junto dos fundos de investimento Coatue e Kaszek Ventures. A Quanto é uma fintech especializada em open banking, que facilita a integração entre dados de diferentes instituições. "Esse trabalho junto com a Quanto será fundamental para a nova fase", diz Fernando Freitas, superintendente executivo de pesquisa e inovação do Bradesco.
          Se o Bradesco praticamente decretou que o cliente que vai à agência é uma persona non grata, numa tentativa de se fazer tornar um banco mais parecido com uma grande fintech, a Bradesco Saúde se superou. Numa manhã de fins de janeiro de 2022, uma senhorinha foi até o subsolo da agência Nova Central, onde costumava ficar a loja da Bradesco Saúde, para pedir reembolso de despesas médicas. Tudo vazio, nenhuma viva alma, o pó já se fazendo presente, mesmo que, aparentemente, estivesse aberta ao público. Subiu de volta a rampa e foi informada para ir ao 19º andar. Quem diz que alguém abriu a porta. Pelas câmaras notaram a presença de alguém e então a senhorinha foi informada que o assunto deveria ser tratado no 2º andar. Chegando ao 2º andar, aí sim é que a sensação de vazio/abandono/falta de vontade de atender veio a lume. Como ela via um funcionário que de vez em quando se deslocava no interior do andar, se incentivou em bater à porta, cada vez mais forte, para ver se alguém atendia. Finalmente apareceu uma moça e disse que qualquer reembolso só poderia ser solicitado pela internet. E se prontificou a fazer cópias xerox do manual do usuário de Reembolso Médico de 12 folhas. A senhorinha resolveu mandar o pedido pelos Correios, pois seu computador não estava funcionando. 
          Em janeiro de 2022, chegou a vez do Bradesco se superar no cerceamento à entrada de clientes nas agências. Na outrora imponente agência da rua XV de Novembro, centro de São Paulo - muito provavelmente frequentada por Amador Aguiar e Lázaro Brandão nos tempos áureos - foi colocada uma horrenda caixa de papelão, presa a algumas fitas, para cercear a entrada de clientes. O cliente menos avisado, poderia pensar que até a sala de autoatendimento estaria inacessível.
          No início de 2022, o Bradesco assumiu o portfólio de gestão de patrimônio do BNP Paribas no Brasil e já havia feito um movimento semelhante com a estrutura de private equity do J.P. Morgan.
          Em 24 de agosto de 2022, o Bradesco anunciou uma parceria estratégica com o banco BV para a formação de uma gestora de investimentos independente (ainda sem nome), que terá marca própria, a ser definida. Por meio de uma de suas controladas, o Bradesco irá adquirir 51% do capital da BV DTVM, que concentra a gestão de recursos de terceiros e a atividade de private banking do banco BV. “A sociedade já detém R$ 41 bilhões de ativos sob gestão e R$ 22 bilhões sob custodia no private banking”, diz o Bradesco. O valor do negócio não foi informado. Com atuação no mercado brasileiro desde 1999, a BV DTVM é a 9ª maior gestora de fundos imobiliários no ranking de junho/2022 da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiros e de Capitais (Anbima). A Organização Bradesco já possui ampla e sólida plataforma local de asset management, com mais de R$ 544 bilhões sob gestão, e de private banking, com mais de R$ 380 bilhões sob gestão, sendo o 3º e 2º maior gestor em cada segmento, respectivamente”.  Considerando a parte de custódia, a BV DTVM possui quase 150 funcionários.
          Em 25 de agosto de 2022, o Bradesco anunciou a aquisição da Ictineo Plataforma, instituição financeira popular (sofipo) que atua com pessoas físicas no México, fortalecendo sua primeira e única operação de varejo internacional. O negócio dará acesso à autorização regulatória para distribuir novos produtos no país. O banco atua há 12 anos no mercado mexicano e possui cerca de 3 milhões de clientes de cartões white label e branded. A aquisição foi feita por meio da subsidiária Bradescard México.
          O esforço do Bradesco em evitar a ida do cliente às agências deu resultado. No final de 2022 o banco dispunha de 2864 agências físicas e 3524 PAs., comparado com 4.617 agências e 3824 PAs. em 2017.
          O Bradesco informou em 23 de novembro de 2023 que mudou a presidência do banco. Marcelo de Araújo Noronha assume o cargo em substituição a Octavio de Lazari Junior, que estava há cinco anos à frente da empresa. Lazari vai integrar o Conselho de Administração da companhia. O mercado reagiu bem à troca: as ações do Bradesco abriram em alta de mais de 5%.
          O nome de Noronha não foi visto como uma surpresa, mas o "timing" da troca chamou a atenção de especialistas. A saída de Lazari, aos 60 anos, acontece antes da idade limite para permanência na presidência do banco: 65 anos. O mandato de Lazari foi marcado pelo início da pandemia e pelos bilhões resultantes em renegociações de crédito, juntamente com o rápido aumento da taxa Selic, impactando a inadimplência.
          A mudança de liderança em curso no Bradesco marca um momento crucial para o banco, que atravessa um dos períodos mais desafiadores da história recente. O desempenho do Bradesco refletiu uma tendência preocupante, com um retorno sobre o patrimônio de apenas 11% nos primeiros nove meses de 2023, ficando atrás da taxa Selic (taxa de juros referencial do Brasil) de 12,25% ao ano.
          A tarefa de conduzir o Bradesco nessas águas turbulentas é de Marcelo Noronha, pernambucano de 58 anos e há duas décadas no banco.
          A transição de liderança no Bradesco quebra o protocolo e a tradição, com a saída do Sr. Lazari antes de atingir a idade de aposentadoria obrigatória de 65 anos. Aos 60 anos, o ex-CEO ainda teria um período de cinco anos restantes, de acordo com este rito . Outro ponto interessante é que a carreira de Noronha não se limitou apenas ao Bradesco, nem liderou a divisão de seguros do grupo. O executivo ingressou na instituição em 2003, após a aquisição das operações brasileiras do BBVA, onde trabalhou anteriormente.
          No entanto, é importante notar que Noronha está longe de ser um estranho. Ele traz consigo duas décadas de experiência diversificada em diversos setores do banco, incluindo serviços de cartões. Nos últimos oito anos, atuou como vice-presidente, inicialmente supervisionando as operações de atacado e, desde o início de 2023, está à frente do banco de varejo. Nessa função, Noronha administrou com eficácia as duas principais verticais que formam o núcleo das operações do Bradesco.
          Luiz Carlos Trabuco Cappi, presidente do conselho do Bradesco, enfatizou as expectativas do banco em relação a Noronha, principalmente na “reconfiguração” do varejo.
          Os canais digitais estão sendo reformulados. Para os clientes que não precisam de canais físicos, mas não querem ser atendidos por robôs, o Bradesco está montando “hubs” com gestores que trabalham remotamente. Em relação ao próximo banco digital, os planos para a sua transformação em entidade independente foram temporariamente arquivados. Esta decisão surge na sequência de uma reavaliação das avaliações das fintech.
          A reavaliação estratégica também impacta a divisão Prime do Bradesco, que atende clientes de alta renda e conta atualmente com uma base de 1,6 milhão de clientes. Este setor tem sido um campo de batalha para uma competição intensa. A estratégia do Bradesco concentra-se em oferecer serviços mais especializados para suprir as lacunas existentes. As iniciativas incluem o lançamento de uma conta internacional e a ampliação de sua equipe de especialistas em investimentos.
          A mudança na presidência do Bradesco desencadeou outras alterações na cúpula do banco. Eurico Fabri, vice-presidente executivo responsável pela área de atacado da instituição financeira, renunciou ao cargo, alegando razões pessoais. A diretora responsável por algumas das áreas de tecnologia da informação do Bradesco, Walkiria Marchetti, deixou o banco em 27 de novembro. Ela antecipou a aposentadoria, segundo apurou o Estadão/Broadcast. Marchetti assumiu no início de 2023 o comando das áreas de governança de TI, infraestrutura de TI, operações de TI e também da tecnologia da Bradesco Seguros. Ela respondia ao vice-presidente Rogério Câmara dentro da estrutura do banco.
          Estruturada ao longo do primeiro semestre de 2023, o Bradesco criou uma gestora para atender exclusivamente as famílias de alta renda no Brasil. Esse segmento, que no jargão de mercado é chamado de “family office”, era a última lacuna no portfólio de serviços financeiros que o banco tinha a preencher no âmbito da reestruturação para se reposicionar no chamado mercado de alta renda. A meta é elevar sua participação no segmento de private banking – a área na qual o “family office” está inserido –, passando dos atuais 22% para 30% até 2026, e fazer com que a área avance também no exterior.
          Em fevereiro de 2024, o Bradesco deu mais um passo para avançar no México como banco digital. A subsidiária Bradescard México recebeu autorização do Banco Central brasileiro e da Comissão Nacional Bancária e de Valores (CNBV) mexicana para concluir a compra da Ictineo. A aquisição da instituição financeira popular (sofipo) foi anunciada em 2022. No futuro, o banco quer transformar a operação em um misto de Bradesco Expresso, sua rede de correspondentes, com banco digital: atendimento físico com custo baixo e plataformas online para os clientes que preferirem. A Bradescard já tem cerca de 3 milhões de clientes no México, que detêm cartões de crédito emitidos em parceria com cinco varejistas, uma delas a C&A.
          Em assembleia geral realizada em 11 de março de 2024, foram aprovadas duas mudanças importantes no Bradesco: a incorporação da Bradesco Asset Management (Bram) e a extinção da obrigação de carreira mínima de dez anos na casa para executivos ascenderem à diretoria executiva, o principal escalão administrativo do banco. Segundo os termos apresentados aos acionistas, a decisão da incorporação da Bradesco Asset Management (Bram) tem o objetivo de otimizar a estrutura organizacional do Bradesco, resultando em mais eficiência e simplificação dos processos administrativos.
(Fonte: revista Exame - 05.11.1997 / 06.02.2002 / 15.10.2003 / 29.03.2006  / 21.11.2007 / Wikipédia / O Mercado Como Ele É / G1-ag.EFE - 20.05.2011 - revista IstoÉDinheiro - 22.08.2012 / revista Exame 10.12.2014 e 19.08.2015 / Comunicado ao Mercado - 01.07.2016 / Estadão online - 10.10.2017 / jornal Valor - 06.02.2018 / revista Veja - 14.02.2018 / Valor - 14.01.2019 / ÉpocaNegócios - 06.05.2019 / Valor - 07.05.2019 / Comunicado Bradesco - 16.10.2019 / Valor - 14.09.2020 / Época Negócios - 25.10.2021 / Valor - 08.12.2021 / 24.08.2022 / 25.08.2022 / 03.04.2023 / 23.11.2023 / O Globo - 23.11.2023 / Terra - 27.11.2023 / Estadão - 01.12.2023 / 22.02.2024 / 13.03.2024 - partes)

Um comentário:

Unknown disse...

Ótimo texto, verídico e com o poder de me tomar a atenção! Bom saber todo caminho percorrido por lideres de grandes instituições financeiras como essas. Nos faz crer que a competência, não necessariamente vem de berço! Três pontos que se destacaram para mim,foram: O Sr. Trabuco abdicar do cargo de Ministro da fazenda para comandar a instituição. a segunda e não menos importante, foi que antes do Banco Itau a proposta de Fusão foi feita ao Bradesco, e por não abrir mão de manter o controle dos Bancos comprados, em 1970, deixou a oportunidade para o Rival Itau, se tornando ele o maior Banco privado com esta parceria! E por ultimo, a que mais me enche de alegria, que hoje o atual presidente , o sr. Octávio de Lazari Junior, começou como office boy de uma agência do Bradesco. Esta é a de que o mundo dá muitas voltas né?