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30 de out. de 2011

Banco BTG Pactual

          Luiz Cezar Fernandes é descendente do ramo pobre de uma família quatrocentona do interior paulista. Aos 12 anos saiu de casa depois de uma briga com o pai, que só tornou a rever décadas depois (no enterro dele). Chegou a ser recebido pela porta dos fundos na casa de alguns tios na época em que trabalhava como boy (estafeta interno) no Bradesco, em São Paulo. Um dia decidiu que iria chegar a diretor do banco. A partir dali começou a dar expediente de 16 horas por dia. Dormia na agência onde trabalhava para economizar tempo e dinheiro e subiu na vida. Aos 17 anos ganhou uma promoção para gerente administrativo, mas não pôde assumir por causa da idade. Acabou indo trabalhar no extinto Banco Industrial de Campina Grande. Lá, conheceu o open market e aos 20 anos, já era razoavelmente abonado.
          A fama de bom operador chegou aos ouvidos de Jorge Paulo Lemann. Aos 30 não era diretor de banco. Era dono de um. Com dinheiro emprestado, a dupla comprou a Corretora Garantia e fundou o Garantia em 1971, um dos maiores bancos de investimento do Brasil. Mas do mesmo jeito que criou o banco, Luiz Cezar o deixaria para trás. Onze anos depois, ela saía do Garantia em meio a desentendimentos com o sócio.
          Em vez de ciscar por aí, Luiz Cezar juntou os US$ 10 milhões que recebeu de indenização, chamou mais três sócios e, em 1983 fundou o Pactual, no Rio de Janeiro. O nome contém as iniciais dos sócios majoritários. "P" de Paulo Roberto Nunes Guedes (ministro da Economia que tomou posse em janeiro de 2019), um renomado economista do RJ. "A" de André Jakurski, então diretor executivo do Unibanco, e "C" de Cezar, mais o sufixo para dar sonoridade à palavra. Renato Bromfman, presidente da distribuidora Credibanco, também era membro do time original. Em poucos anos o Pactual transformou-se em um dos maiores bancos de investimento do Brasil.
          O período de 1991 a 1996 foi especialmente positivo para o banco. Segundo um levantamento feito pela revistas Business Week entre os 500 maiores fundos offshore do mundo, o fundo Infinity foi o campeão, com uma rentabilidade de 34% ao ano. Deixou para trás uma turma do porte da Goldman, Sachs e da Fidelity, entre outros. Quem estava atuante nesse período era o austríaco, nascido em 1969 e que chegou ao Brasil com três anos de idade, Florian Bartunek. Quando estava se formando em administração de empresas pela PUC-RJ, Bartunek viu colado no muro da PUC um anúncio do Pactual procurando estagiários. Marcou uma conversa e 3 dias depois estava estagiando no setor de análise. Um anos depois estava chefiando o departamento. Além do Infinity, Bartunek comandava também a estratégia de investimentos de mais 2 fundos mútuos de ações do banco Pactual, o Eternity (também offshore) e o Andromeda. Os três fundos aplicavam os recursos dos clientes em empresas negociadas nas bolsas brasileiras (na época, SP e RJ). O Infinity foi criado por Jakurski, que o administrou entre 1990 e janeiro de 1995, quando a gestão passou para Bartunek.
          Tudo corria bem até que em 1996, Luiz Cezar iniciou um processo que o levaria a perder seu segundo banco. Segundo seu diagnóstico, com a entrada de grandes bancos internacionais seria impossível ao Pactual sobreviver apenas como banco de investimentos. Resolveu então transformá-lo em banco de varejo.    
          A ideia, bem futurista, era a utilização de smart cards e maquinetas, com quantidade inicial de 2,5 milhões, para a leitura dos cartões, espalhadas pelo comércio e mesmo nas residências dos clientes para carregar e descarregar os cartões. Serviria para os clientes pagarem suas contas e comprarem produtos do banco ou de terceiros sem a necessidade de agências físicas. Aparentemente, Luiz Cézar estava isolado com a ideia sem mesmo a participação de algum especialista fora do banco.
          Paulo Guedes e André Jakurski discordaram e após acirrada disputa resolveram sair do banco.
Parecia que Luiz Cezar tinha ganho a partida. Mas, menos de três anos depois seria a sua vez de deixar o Pactual - o banco que ele mesmo chama de "a obra" de sua vida. Com a saída de Guedes e Jakurski, Luiz Cezar ficou com 51% das ações. Quatro sócios, todos na casa dos 30 anos, passaram a dividir a direção do banco com o fundador: André Esteves, Eduardo Plass, Gilberto Sayão e Marcelo Serfaty. Os quatro ficaram com o capital de Guedes e Jakurski, em partes iguais.
          O modelo de varejo não deu certo e nessa época Luiz Cezar envolveu-se com vários negócios fora do banco que fracassaram. Com a malsucedida transformação do banco e o acúmulo de prejuízos pessoais Luiz Cezar passou a enfrentar a oposição dos novos sócios, a quem chamava de "os garotos". Aparentemente, isso em 1999, ele teria sido vítima de uma tomada hostil de controle o que ele refuta. Quando se dava conta do que andavam falando dele no mercado, ele, com tristeza, citava uma passagem bíblica: "Que tanto bem te fiz que me odeias tanto?" (É uma clara referência a seus ex-sócios no Pactual.)
          Os sócios remanescentes impuseram um ritmo forte ao banco e em 2006 André Esteves vendeu o Pactual, para o UBS, por US$ 3,1 bilhões. Permaneceu na instituição suíça e foi responsável global pelas operações de renda fixa e câmbio. Saiu em junho de 2008.
          O BTG (Banking and Trading Group), então com 21 sócios, começou a operar em 2008. A instituição teve início após a saída de Esteves do UBS. Na época chegou-se a dizer que a sigla significava "back to the game" (de volta para o jogo, em inglês). Em 2009, o BTG, capitaneado por André Esteves recompra o Pactual. O agravamento da crise de 2008 fez com que o UBS se desfizesse de alguns ativos e o Pactual voltou às mãos de Esteves por US$ 2,5 bilhões. Com o significativo detalhe de o banco ter agora um patrimônio seis vezes maior do que quando foi vendido ao UBS. Pouco antes, em outubro de 2008, o BTG já havia comprado os ativos da filial brasileira do Lehman Brothers (vide origem da marca Lehman Brothers neste blog), que tombou um mês antes nos Estados Unidos por causa da crise no mercado americano de hipotecas.
          Quando comprou de volta o Pactual, Esteves decidiu mudar estratégias: em vez de se unir com um rival estrangeiro, decidiu fazer um gigante global. Uma das histórias mais mencionadas no mercado é que BTG significa "Better than Goldman," em alusão ao banco de investimento pioneiro no modelo de parcerias e bônus generosos para executivos que entregassem resultados.
          No início de 2011 o banco BTG Pactual desembolsa R$ 450 milhões para adquirir o controle do banco PanAmericano (que mais tarde passou a denominar-se Banco Pan), do apresentador Sílvio Santos, que possuía 37,27% do capital total da instituição, passando a dividir o comando com a Caixa Econômica Federal (CEF), que havia adquirido 36,6% das ações do banco em 2010.
          Em abril de 2012, após o BTG Pactual ter assessorado várias dezenas de empresas em fusões e aberturas de capital, foi a vez do próprio banco abrir o capital, o que o transformou num dos bancos de investimento mais valorizados do mundo.
          Em 2014, ao comprar o banco suíço BSI por 3,7 bilhões de reais, o BTG Pactual faz seu mais agressivo investimento no exterior. O banco, com sede em Lugano, adicionou 100 bilhões de dólares em ativos sob gestão, e fez com que o banco brasileiro passasse a ter mais da metade de sua receita no exterior.
          Na madrugada do dia 25 de novembro de 2015, a Polícia Federal prende André Esteves (solto três semanas depois e liberado para retornar às atividades do banco, pelo STF, em abril de 2016), no Rio de Janeiro, acusado de obter ilegalmente documentos sigilosos com os quais estaria monitorando possíveis delações que mencionassem envolvimento do BTG Pactual em irregularidades com a Petrobras, na chamada operação Lava-Jato. O BTG tem três pontos de intersecção com a Petrobras: o embandeiramento de postos de gasolina pela BR em São Paulo; a formação da Sete Brasil, da qual o BTG é o principal acionista; e a compra de participações em projetos na África.
          Esteves foi forçado a deixar seu cargo de CEO e trocar suas ações com direito a voto por ações preferenciais após sua prisão. Um juiz federal brasileiro absolveu Esteves em julho (2016).
          No último dia de novembro (2015) são nomeados os executivos e sócios do banco Roberto Sallouti, um dos maiores sócios do BTG, e Marcelo Kalim para ocupar o lugar de André Esteves à frente do banco. Ambos entraram no antigo Pactual, em 1994 e 1996 respectivamente, quando Luiz Cezar Fernandes estava em busca de talentos mais "polidos", de preferência com MBA no exterior, a exemplo do Garantia, seu concorrente na época, e para tentar se livrar da fama de banco de "cawboy" que o mercado lhe impunha na época.
          Para o conselho de administração, após a prisão de Esteves, foi alçado o executivo Pérsio Arida, com a clara intenção de colocar um nome de peso no comando, para acalmar o mercado. Arida deixou o cargo em 2016 e saiu do banco em 2017. O comando do conselho passou, em 2016, para as mãos de Marcelo Kalim e Sallouti ficou na presidência.
          Em 22 de fevereiro de 2016, dentro do esforço de fazer caixa para dar liquidez ao banco, o BSI, adquirido pelo BTG em 2014, é vendido ao EFG, grupo de gestão de fortunas sediado em Zurich. O BTG continua com 20% do BSI, implantado na Suíça de língua italiana, e representação no conselho de administração. O negócio foi fechado por 1,328 bilhão de francos suíços, o equivalente a R$ 5,4 bilhões. Com a mesma finalidade de enfrentar a crise de liquidez, o BTG vendeu também uma participação na Rede D'Or de hospitais e a recuperadora de créditos Recovery, vendida para o banco Itaú.
          Quando Esteves voltou para o banco, em abril de 2016, no dia a dia ficou evidente que o comando triplo (Kalim, Sallouti e Esteves) não funcionaria. Mesmo não tendo cargo estatutário, sua ascendência sobre os negócios é nítida e crescente. Não reconhecido como esperava por ter sido peça fundamental na recuperação do banco, e não tendo a autonomia que julgava adequada, Kalim passou a bater de frente com Esteves, até que resolveu sair (deverá ficar no conselho, até o final de 2018). Em 2017, começou a montar um banco, o C6Bank, com mais dois ex-executivos do BTG, Carlos Fonseca e Leandro Torres.
          No início de 2019, André Esteves retorna ao grupo controlador do banco após a absolvição de acusações de corrupção. Marcelo Kalim, um dos maiores sócios do banco depois de Esteves, está deixando o grupo de controle e sua posição como presidente. O ex-ministro da Justiça brasileiro Nelson Jobim, que já é sócio e diretor do BTG, assumirá a posição de Kalim. O grupo controlador do BTG, formalmente conhecido como G7 Holding para se referir ao número anterior de sócios, passa a ser formado por cinco sócios: o presidente-executivo Roberto Sallouti, Renato Santos, Antônio Porto, Guilherme Paes e André Esteves. Em fevereiro foi a chegada de Will Landers, ex-Blackrock, no comando da gestora de fundos do BTG.
          Em meados de 2019, o economista Eduardo Refinetti Guardia entra no BTG e assume a presidência do BTG Pactual Asset. Guardia morreu em 11 de abril de 2022, aos 56 anos.
          No final de maio de 2019 vem a público a contratação do israelense Amos Genish. O BTG Pactual vai acelerar a criação de produtos e serviços em sua plataforma de varejo, com a segregação da unidade de negócio, e colocou esse nome de peso do mercado de tecnologia à frente dessa operação. Genish vai comandar essa unidade de varejo, composta pela plataforma de investimento, pela participação no banco Pan, por participações em plataformas de seguros e aceleradora de startups. Genish vai acelerar projetos em análise nesse segmento – como por exemplo transformar o BTG Digital, que hoje oferece opções de investimento, em um banco de fato de varejo digital, com contas correntes. Genish criou a GVT, operadora de telefonia que virou referência em tecnologia e gestão, e que acabou sendo comprada pela Telefônica Vivo – onde Genish assumiu a administração. A GVT era também uma referência na prestação de serviços de clientes, em um setor que lidera rankings de reclamações de consumidores. A entrada de Genish também é uma marca importante da recomposição da sociedade do BTG Pactual. O banco, que perdeu sócios importantes nos últimos dois anos, voltou a reforçar sua “partnership” este ano trazendo nomes estratégicos do mercado.
          Em 5 de abril de 2021, o BTG Pactual comunicou, por meio de sua subsidiária Banco Sistema, a compra de 49,2% das ações ordinárias do Banco Pan de titularidade da Caixa Participações, subsidiária da Caixa Econômica Federal, equivalente a 26,8% do capital social do Banco Pan, totalmente subscritas e integralizadas. O valor da operação é de R$ 3,7 bilhões, ou R$ 11,42 por ação.
          Em 3 de maio de 2021, o BTG Pactual anunciou ter firmado acordo para comprar 100% da Fator Corretora de Valores, com o objetivo de reforçar a área de assessoria de investimentos. As cifras envolvidas na transação não foram reveladas. “Esta aquisição faz parte da estratégia de expansão do BTG Pactual Digital no segmento de assessoria de investimentos”, afirmou o banco em comunicado ao mercado.
          Em 31 de maio de 2021, o banco BTG Pactual comprou o Grupo Universa, holding que reúne Empiricus, Vitreo, Seu Dinheiro, Money Times e Real Valor. A operação ainda depende da aprovação do Banco Central.
          Pouco depois de meados de setembro de 2021, segundo um despacho do departamento de Organização do Sistema Financeiro do BC, o BTG Pactual foi autorizado a assumir o controle da Vitreo, gestora que integra o grupo Empiricus, e a prosseguir com a aquisição de até 100% do capital da Empiricus Research, maior casa independente de análises do Brasil, com 420 mil assinantes, e de suas subsidiárias MT Publicações, Seu Dinheiro e Real Valor. Em 2019, o BTG adquiriu a revista Exame, que fazia parte do Grupo Abril.
          Em 4 de novembro de 2021, os acionistas do BTG Pactual aprovaram a aquisição da Universa, dona da Empiricus e da gestora Vitreo. Os acionistas também aprovaram o aumento do capital social da companhia.
          Na manhã do dia 1º de fevereiro de 2022, o BTG Pactual anunciou a aquisição de 100% do capital social da Elite Investimentos. O valor do negócio não foi divulgado. Conforme comunicado do BTG, a Elite é umas das mais tradicionais corretoras de valores mobiliários do Rio de Janeiro. “A aquisição faz parte da estratégia de expansão do BTG Pactual digital no segmento de assessoria de investimentos”, diz. O acordo inclui a totalidade dos negócios da Elite, que serão integralmente absorvidos pelo BTG Pactual após todas as aprovações regulatórias necessárias, segundo o comunicado.
          Em 30 de março de 2022, o banco BTG anunciou compromisso para a aquisição do Banco Econômico e suas subsidiárias, que estão em liquidação extrajudicial. O valor da transação não foi divulgado. As ações do BTG (units) recuam 3,4% na B3. Em comunicado enviado à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) o BTG informou que a operação faz parte da estratégia de investimentos da área de Special Situations (situações especiais) do banco. O foco desse segmento é a aquisição e recuperação de carteiras de créditos inadimplentes e compra de ativos financeiros alternativos. Segundo o BTG, essa área acumula experiência em em recuperação de instituições financeiras em regime especial. A conclusão e fechamento da operação depende da verificação de determinadas condições, entre elas a interrupção do regime de liquidação extrajudicial, que será possibilitada pela liquidação ou saneamento de seus passivos financeiros. A operação também dependerá da obtenção das aprovações regulatórias necessárias, dentre elas do Banco Central e do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade). O controle do Econômico está nas mãos de três empresas: IEP Itapiracem Empreendimentos e Participações, Vitória Empreendimentos e Serviços e pela Aratu Empreendimentos e Corretagem de Serviços. As três empresas se comprometeram a vendê-lo ao BTG Pactual.
          Em agosto de 2022, o BTG comprou a instituição financeira mexicana Darapti. A entidade é uma sociedade financeira de objetivo múltiplo (Sofom), que pode conceder empréstimos, mas é uma instituição financeira não regulada, de pequeno porte. A operação foi aprovada nessa quarta-feira (17) pelo Banco Central brasileiro e não há informações sobre valores. O BTG já tem uma corretora e uma gestora no México, e a licença da Darapti deve facilitar a prestação de serviços para alguns tipos de clientes. O banco já adquiriu corretoras na Argentina, Chile, Peru, Colômbia e México. Tem banco no Chile, na Colômbia.
          Em 27 de setembro de 2022, o BTG Pactual informou que, após aprovação em assembleia geral de acionistas, vai incorporar parte do patrimônio do Banco Sistema (antigo Bamerindus), que já é uma subsidiária integral do grupo. O Sistema foi cindido e o BTG vai incorporar um patrimônio avaliado em R$ 24,149 milhões.
          Na noite de 23 de março de 2023, o BTG informou que assinou documentos definitivos referentes à aquisição de 100% do FIS Privatbank, sediado em Luxemburgo, pelo valor de 21,3 milhões de euros. O FIS Privatbank foi fundado por volta de 1992 em Luxemburgo, conhecido como um dos principais centros financeiros da Europa, e atua principalmente nos mercados de wealth management, asset management e outras modalidades de financiamento. Ao fim de 2022, atingiu a marca de 500 milhões de euros de ativos sob gestão.
          O BTG Pactual anunciou na noite de 22 de agosto de 2023, a aquisição de 100% do capital da Magnetis Gestora e DTVM, primeira “Wealth-Tech” do Brasil. A aquisição faz parte da estratégia de expansão das plataformas digitais do banco, com aumento da base de clientes e avanço na oferta de produtos e serviços para pessoas físicas. Fundada em 2012 por Luciano Tavares, a Magnetis é a primeira gestora de investimentos 100% online do Brasil e conta hoje com um time de 56 profissionais. Entre os principais investidores da companhia que vendem agora a totalidade de suas participações, estavam Monashees, Vostok Emerging Finance, Redpoint eventures e Julius Baer.
          Em 2 de outubro de 2023, em mais um movimento para expandir seu braço digital, voltado ao varejo, o BTG Pactual anunciou a compra da corretora Órama, por R$ 500 milhões.
          O banco está comprando a totalidade da empresa. A Rede D’or, que incorporou os 25% adquiridos pela SulAmérica em 2019, e a Globo Ventures, que havia comprado 25% da Órama em 2017, também estão vendendo suas participações.
          Com a aquisição, o BTG  adiciona R$17,9 bilhões em ativos sob custódia e 360 mil clientes ao seu braço digital. Ao fim de junho, o banco tinha R$ 1,4 trilhão de ativos sob custódia, num número que leva em consideração também a área de ‘wealth management’. O BTG não abre os números relativos apenas ao digital.
          Nos últimos anos, o BTG vem sendo bastante ativo em aquisições para o braço de varejo, com a compra de casas como Ourinvest, Nécton – fusão das antigas Spinelli e Concórdia – e Vitreo, do mesmo grupo da Empiricus, além da aquisição das carteiras de pessoas físicas da Planner e da Fator. A regra tem sido tombar a base para sua infraestrutura, capturando assim ganhos de escala e eficiência.
          “Estamos muito animados com a aquisição, que vai possibilitar aos clientes Órama acesso à plataforma completa do BTG, como banking, Pix, cartão de crédito, conta de investimentos offshore com banking e cartão de débito nos Estados Unidos”, diz Marcelo Flora, sócio responsável pelas plataformas digitais do BTG.
          “A venda para o BTG é parte de um movimento estratégico e representa a consolidação do sucesso da Órama, empresa que nasceu inovadora no segmento, com foco na democratização dos investimentos e educação financeira”, disse Habib Nascif, CEO da Órama.
          No acordo com o BTG, fica de fora a gestora da Órama. De acordo com Hascif, além da gestora, “parte dos sócios” vai focar na plataforma de ‘Investment as a Service’ em que a Órama vem trabalhando. A plataforma oferece um conjunto de soluções – incluindo uma plataforma ‘white label’ – para varejistas e empresas fora do setor financeiro que querem oferecer investimentos aos seus clientes.
          O valuation da transação saiu um pouco acima da última rodada de capital na Órama, em 2019. Na ocasião, a SulAmérica pagou R$ 100 milhões por 25% da companhia, avaliando-a em R$ 400 milhões.
          Dois anos e meio depois de ter sido comprado pelo BTG Pactual, o Grupo Empiricus passa por uma reestruturação. A plataforma Empiricus Investimentos, ex-Vitreo, é extinta a partir de 9 de dezembro de 2023, depois de três meses integrando o aplicativo do BTG, convivendo com a marca do banco. Felipe Miranda, sócio-fundador do grupo que ocupava o cargo de CEO da corretora, passa a ser estrategista-chefe da divisão de análise, com a qual a Empiricus começou em 2009. A volta às origens, segundo Miranda, não é um enfraquecimento do grupo dentro do BTG, e sim o fortalecimento da Empiricus Research. “O foco agora é primeiro fazer os clientes da Empiricus ganharem dinheiro. O segundo é o research [área de análise de investimentos] servir a todo o BTG Digital."
          Em março de 2024, o BTG Pactual decidiu adquirir 100% da Signal Capital, empresa de private equity especializada na gestão de recursos de fundos. O BTG já detinha participação minoritária desde 2020 e agora exerceu a opção de adquirir a totalidade do ativo, que tem R$ 1,5 bilhão sob gestão. Os valores e detalhes do acordo não foram divulgados. O banco disse que a ideia é ampliar a oferta de produtos e soluções de private equity da gestora, com o objetivo de se tornar a maior da América Latina em investimentos alternativos. “Vemos um forte potencial de crescimento na indústria de produtos alternativos. É um grande mercado a ser explorado e agora, com a queda dos juros, é hora de dar mais um passo nessa direção”, disse Allan Hadid, head do BTG Pactual Asset Management. A equipe da Signal será integrada à equipe do BTG Pactual Asset e terá foco na gestão de fundos e na exploração de oportunidades no mercado secundário, coinvestimentos e soluções de capital. Ricardo Fernandez, que fundou a Signal em agosto de 2020 após a aquisição das operações da Hamilton Lane no Brasil, liderará o negócio. O executivo, que liderou a estratégia latino-americana da Hamilton Lane durante 10 anos, disse que a venda da gestora de recursos para o BTG é estratégica e permitirá ganhar escala para aumentar sua capacidade de investimento no mercado secundário global.
(Fontes: revista Exame 18.12.1996 / 25.02.1998 e 06.10.1999 / revista Forbes Brasil - 20.12.2002 / revista Época 27.04.2009 / jornal O Globo 31.01.2011 / jornal Brasil Econômico - 09.02.2012 / jornal Valor online - 25.11.2015/01.12.2015/22.02.2016 / revista Exame - 02.05.2018 / ÉpocaNegócios - 29.12.2018 / Valor - 29.05.2019 / ElevenFinancial - 06.04.2021 / Empiricus Day One - 31.05.2021 /Capital Aberto - 25.09.2021 / Valor - 01.02.2022 / O Globo - 30.03.2022 / Valor - 17.08.2022 / 27.09.2022 / 24.03.2023 / 23.08.2023 / Exame - 02.10.2023 / Valor - 07.03.2024 - partes)

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