Total de visualizações de página

6 de out. de 2011

Eletrobras

          A Centrais Elétricas Brasileiras S.A. - Eletrobras, gigante brasileira de energia, foi instalada em 1962 (criada em abril de 1961), com a união da Chesf, Chevap e a Termelétrica de Charqueadas. Seis anos depois, em 1968, é criada a Centrais Elétricas do Sul do Brasil (Eletrosul) e mais cinco anos transcorreram até a criação da Centrais Elétricas do Norte do Brasil (Eletronorte).
          Itaipu, a maior hidrelétrica do mundo, construída na divisa do Brasil com o Paraguai, foi inaugurada em 1982. No final dos anos 1990 foram feitas várias aquisições: as distribuidoras de Alagoas (Ceal), Piauí (Cepisa) e Acre, em 1997 e a distribuidora de Rondônia, em 1998. Ainda em 1997 foi criada a Eletronuclear, com a fusão da área nuclear de Furnas com a Nuclem. Em 1998, foi adquirida a Cia. de Geração Térmica de Energia Elétrica - CGTEE e foi criada a Eletrobras Distribuição Rondônia. A Celg (Goiás) foi adquirida em 2014 e vendida em leilão de privatização para a italiana Enel, em novembro de 2016.
          Quando a capacidade instalada de todo o país, era em torno de 120 GW, a Eletrobras era responsável por aproximadamente 35%. Na mesma época, no tocante às linhas de transmissão, com extensão de aproximadamente 105 mil quilômetros em todo o território nacional, um pouco mais da metade pertencia à empresa.
          O orgulho, porém, que se tinha da empresa era tamanho que o governo decidiu estragar o que vinha dando certo. A empresa foi duramente atingida com a medida provisória que baixou as tarifas do setor elétrico em 2012. O governo passou a usar a empresa para tentar segurar a inflação.
          A MP publicada em 2013, pela então presidente Dilma Rousseff, obrigou as geradoras de energia a antecipar a renovação dos contratos, aceitando uma remuneração muito mais baixa que a praticada no mercado. Foi a maneira que Dilma encontrou para dar uma pedalada na lógica econômica e baratear a conta de luz. A manipulação serviu apenas para desequilibrar as contas das companhias. Todas as geradoras foram à Justiça contestar o plano e pedir indenização, exceto a Eletrobras. O resultado foi um rombo acumulado de 30 bilhões de reais nos cofres da estatal.
          De uma hora para outra, a empresa deu uma banana para os acionistas minoritários e para a lógica corporativa. A diretoria e o conselho de administração, loteados entre partidos políticos, passaram a executar os mandos da Presidência da República sem se importar se aquilo fazia ou não sentido. Para completar, com a empresa já em estado lastimável, delatores da Operação Lava-Jato afirmaram que pagaram propina para conseguir contratos com a estatal.
          A empresa em questão tem nariz de Petrobras, orelha de Petrobras, olhos de Petrobras - mas é a Eletrobras. A luz vermelha acendeu em dezembro de 2014, quando o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa disse em depoimento à CPI que o que acontecia na petroleira também acontecia "nos portos, nas ferrovias, nas hidrelétricas". Nessa corrida, a companhia se dividiu em dois grupos: o que cuida de arrumar as finanças e a operação, e o que trava uma batalha para tapar os buracos abertos pela corrupção, que tem à frente as diretorias de finanças e auditoria.
          Para se ter uma ideia da dimensão dos problemas que a empresa enfrenta, em junho de 2015, o escritório internacional americano Hogan Lovells fechou contrato de 6 milhões de reais para investigar supostas práticas de corrupção na Eletrobras. Após verem o tamanho da encrenca, os gringos elevaram a conta: em janeiro de 2016 a estatal fechou novo contrato, no qual se compromete a pagar mais 195 milhões de reais pela tarefa.
          Em 2016, a partir da entrada do executivo Wilson Ferreira Júnior no comando da Eletrobras, no governo de Michel Temer, a empresa deu uma guinada.
          Na frente financeira, o plano de reação segue a lógica de companhias enrascadas: reduzir a dívida, renegociar contratos, levantar capital, enxugar o quadro de funcionários e se livrar de ativos que dragam dinheiro. O maior problema da Eletrobras foi criado por seu principal acionista: a União (mas pode me chamar de Dilma). No fim de 2012, conforme já citado acima, a companhia aceitou renovar antecipadamente suas concessões de energia com o governo federal abaixo do custo de operação. Foi a senha para o que era lucro virar um prejuízo econômico. Em 2011, a empresa lucrou 3,7 bilhões de reais. Nos quatro anos seguintes, teve 35 bilhões de prejuízo.
          Em leilão levado a cabo em 29 de novembro de 2016, para a privatização da Celg D (51% da Eletrobras e 49% da União), a companhia italiana Enel foi vencedora com lance de R$ 2,187 bilhões - o que representa um prêmio de 28,03% em relação ao preço mínimo estabelecido, de R$ 1,7 bilhão.
          Com dados de agosto de 2017, a Eletrobras produz um terço de toda a energia consumida no Brasil e administra metade das linhas de transmissão. Possui 23.000 funcionários e tem receita anual em torno de 70,9 bilhões de reais. Seus principais ativos são 47 hidrelétricas, 114 termelétricas, 69 usinas eólicas e duas usinas nucleares. A companhia é sócia das maiores usinas hidrelétricas do país. De Itaipu, construída nos anos 1970, e da Belo Monte, que entrou em operação em 2016. É dona de estatais estratégicas como Furnas, Chesf, Eletronorte e Eletrosul. Esse colosso, que é a maior empresa de energia elétrica da América Latina, está nas mãos do governo, que tem 51% das ações com direito a voto.
          Em meados de agosto de 2017, o governo sinaliza que tem a firme intenção de privatizar esse gigante do setor elétrico que carrega uma dívida de 38 bilhões de reais. O modelo de privatização ainda estaria sendo estudado.
          Em leilão realizado em 30 de agosto de 2018, a Eletrobras teve êxito em vender três distribuidoras deficitárias: a Ceron, de Rondônia e a Eletroacre, foram arrematadas pela Energisa, da família Botelho. A Boa Vista Energia, de Roraima, foi comprada pelo consórcio formado pela Oliveira Energia, especializada em sistemas isolados, com 60% de participação, em parceria com a Atem, distribuidora de combustíveis localizada no Amazonas. Vendidas pelo valor simbólico de R$ 50 mil, as distribuidoras receberão investimentos pesados nos próximos anos na melhoria da qualidade do serviço.
          No inicio de dezembro de 2018, também através de leilão, a Eletrobras vendeu a Amazonas Energia, distribuidora do Estado do Amazonas, para o consórcio formado por Oliveira Energia e Atem, o mesmo que em agosto arrematou a Boa Vista Energia, de Roraima. A Amazonas tinha uma dívida de curto prazo de R$ 6,3 bilhões e carregava obrigações totais de longo prazo no montante de R$ 14,2 bilhões, sendo que R$ 13 bilhões foram varridos e foram assumidos pela Eletrobras. A companhia foi vendida com um debito de R$ 2,2 bilhões e deverá receber investimento imediato de R$ 491 milhões seguidos de investimentos de R$ 2,7 bilhões nos primeiros cinco anos.
          Em 24 de novembro de 2021, a CGT Eletrosul adquiriu uma participação de 49% na Transmissora Sul Litorânea de Energia (TSLE), que era detida pela Companhia Estadual de Transmissão de Energia Elétrica (CEEE-T), por R$ 217,5 milhões.
          A última distribuidora que mantinha em seu portfólio, a Ceal - Companhia Energética de Alagoas, foi vendida em leilão realizado na tarde do dia 28 de dezembro de 2018. Quem arrematou a companhia alagoana foi a Equatorial Energia, única participante.
          Em 18 de maio de 2022, o plenário do Tribunal de Contas da União (TCU) aprovou, por 7 votos a 1, o projeto do governo para a privatização da Eletrobras. O governo queria protocolar já na semana seguinte a operação de aumento de capital da empresa nos reguladores brasileiro e norte-americano.
          A Eletrobras possui quatro subsidiárias integrais: CGT Eletrosul, Chesf, Eletronorte e Furnas.                  Como a maior empresa elétrica da América Latina, a Eletrobras tem números gigantes (base: novembro 2019): Capacidade de geração: 50.429 MW (30,2% do total do país); Rede de transmissão: 70.924 km (45,2% do sistema no país). Eletronuclear e Itaipu geraram em 2018 8.990 MW, equivalente a 5,5% do total de país de 163.141 MW.
          Em 11 de janeiro de 2024, durante assembleia geral extraordinária (AGE) de acionistas, foi aprovada a incorporação de Furnas ao capital da Eletrobras.
(Fonte: material de apresentação para reunião com a Apimec / revista Exame - 10.06.2015 / revista Veja - 22.06.2016 / 24.01.2018 / PressReader.com - 31.08.2018 / Valor - 11.12.2018 / 25.11.2019 / 24.11.2021 / 19.05.2022 / 02.05.2023 / Estadão - 12.01.2024 - partes).

Nenhum comentário: