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1 de out. de 2011

Zurich Seguros

          O Zurich Insurance Group, Zürich Versicherungs-Gesellschaft, ou Grupo Zurich, foi fundado em 1872, na Suíça, e tem matriz na belíssima cidade de Zurich, localizada na parte da Suíça onde se fala alemão. Sua vocação para espalhar seus tentáculos mundo afora, foi sendo colocada em prática e hoje tem presença nos quatro cantos do mundo.
          No Brasil, o grupo Zurich aportou através da aquisição de uma pequena seguradora, em meados dos anos 1980, a Companhia Anglo Americana de Seguros Gerais, que logo teve sua razão social alterada para Zurich-Anglo Seguradora S.A.
          A chegada do grupo Zurich serviu para passar a régua em uma jurássica rigidez nas regras de comportamento instituídas aos funcionários da Companhia Anglo Americana. Em plena Rua Boa Vista, no então centro financeiro da metrópole paulista, a poucos metros da Bolsa de Valores, até bem pouco tempo antes da chegada dos suíços as normas internas previam regras severas no tocante à vestimenta dos funcionários. Mas, o que mais chamava a atenção, era o intervalos de horário definido para a utilização das toaletes por parte das moças. Quinze minutos de manhã e quinze minutos à tarde, com início e fim definidos. Com rigoroso controle. Se houvesse "motivo de força maior", tinham que dar explicações para a chefia.
          Em que pese o nome, a empresa era genuinamente brasileira. A Anglo-Americana pertencia à família Haegler (Ricardo, Alex e Pedro), que formavam o conselho de administração juntamente com Walter Alexander Benz e Otto August Meile. O empresário Plinio de Rezende Kiehl ocupava uma diretoria executiva. Esses empresários continuaram com participação minoritária na Zurich-Anglo.
          O primeiro diretor-presidente, que chegou para assumir os trabalhos, foi o francês John Michael Vincent, vindo da Zurich de Portugal. Vincent comandou a empresa com êxito, mas não conseguiu cumprir integralmente seu contrato, pois, por motivos pessoais, teve que regressar à Europa. Seu substituto foi o português José Antônio Duarte de Sousa, que havia atuado por um bom tempo na Alemanha.
          Os representantes do "General Management" da matriz em Zurich, responsáveis pela Zurich no Brasil, eram os executivos Fritz Andres e Charles Wyniger, que desembarcavam regularmente no Brasil para acompanhamento dos trabalhos. O executivo Werner Bruner, da área de tecnologia da informação, mais tarde promovido a CEO da Zurich Portugal, também aportava por aqui com regularidade.
          As instruções da matriz eram claras para que a filial brasileira crescesse devagar, pois naquele momento (final dos anos 1980) o Grupo Zurich estava principalmente interessado em "ter um pontinho" no Brasil, como dizia o Sr. Andres, para atender diretamente seus clientes mundiais aqui estabelecidos.
          O novo CEO, Sr. Sousa, porém, não seguiu o ardiloso Ulisses da mitologia grega que, ao regressar de Troia pediu para ser amarrado ao mastro de sua embarcação para não ser seduzido pelo canto das sereias e espatifar seu navio nas rochas. E, reconheçamos, era difícil resistir a tão melodioso canto. Justamente em São Paulo, onde se depara diariamente com engarrafamentos colossais, é difícil resistir a fazer seguro em massa para cobrir parte do mar de automóveis que se vê na cidade. Não havia rochas mas a empresa gerou um oceano de papéis e acabou se enroscando no cipoal burocrático.  Concomitante ao ritmo normal de seguros nos diversos ramos, passou-se a se fazer seguros de automóveis com maior ênfase. Frotas de empresas com milhares de veículos, eram seguradas com o objetivo de, em anos seguintes, conseguir junto aos mesmos clientes, seguros em ramos mais lucrativos.
          Outra agravante era a inflação, que se dirigia aos três dígitos ao mês (1.764,8% em 1989). Num simples bimestre o valor segurado já estava defasado. Ao gerar a necessidade de endossos (majoração do valor segurado) frequentes, dentro de pouco tempo a empresa estava mergulhada na papelada. O ramo de automóveis chegou a representar mais de 60% das apólices (e endossos) emitidas, mas sua receita beirava os 20%. O crescimento vertiginoso de documentos (que pouco representava em aumento da receita), aliado às limitações provenientes da cruel reserva de mercado da informática, em que a empresa era tolhida de importar equipamentos mais condizentes com suas necessidades, fez com que a filial brasileira passasse por maus momentos no início da década de 1990. Maus momentos no tocante aos controles internos, bem entendido, pois o grupo continuava com a mesma solidez.
          Diretoria desesperada toma atitudes desesperadas. Em alguns momentos de maior desespero, pasmem, a diretoria chegou a cogitar em importar computadores clandestinamente. Outras soluções foram estudadas. É impressionante como três jovens representantes da IBM, em seus ternos sisudos e impecáveis (ternos azul-marinho e camisa branca), tiraram da manga uma solução que impressionou a diretoria: o aluguel de mainframes usados. Quando do recebimento da proposta da IBM, porém, o CEO nem chegou à segunda página, após ver que o custo mensal ultrapassaria 20% do faturamento bruto da companhia. O custo da informática no mercado era, em média, 7% do faturamento. A estrutura de microinformática da Zurich-Anglo girava em torno de 3,5% da receita da empresa.
          Passada a tempestade, veio a calmaria. Mas antes, a auditoria de plantão, a KPMG, que não dera sequer um pequeno aviso a respeito de toda a papelada gerada com seguros em massa - também pudera, pois seu papel até então era somente de auditora - ainda abocanhou um bom contrato, então como "consultoria", sem nenhuma preocupação se isso gerava conflito de interesses. Maior importância para a separação dessas operações só veio a lume muito tempo depois, em 2001, no escândalo da americana Enron, que colocou sob suspeita a credibilidade das empresas que ofereciam consultoria e auditoria para o mesmo cliente.
          De 91ª seguradora brasileira, por receitas de prêmios, dentre as 97 seguradoras existentes, quando de sua chegada ao Brasil em 1985, a Zurich desponta, entre as vinte maiores seguradoras brasileiras, fortalecida com a aquisição da Minas-Brasil Seguradora, em 2008. Depois de 26 anos no Brasil, em 2008, a Zurich põe em prática a estratégia de expansão com a aquisição das Companhia de Seguros Minas Brasil e Minas Brasil Vida e Previdência, com o objetivo de ampliar seus canais de distribuição e sua operação na área de massificados, especialmente Automóvel e Vida.
          Em outubro de 2011, a expansão da empresa ganha o reforço com a parceria estratégica firmada com o Grupo Santander. A Zurich adquiriu 51% das operações de seguros de vida, previdência privada e seguros gerais do Santander no Brasil e na Argentina. Isso significa que a parceria tem validade para todas as modalidades de seguros, exceto automóveis, que seguiu de forma independente. O mesmo vale para capitalização, que permaneceu sob o controle do Santander Brasil e que seria segregada da Santander Seguros. A Zurich pagou ao Santander, na data de fechamento da operação, 1,670 bilhão de dólares (51% do valor). Com isso, a operação foi avaliada em 3,275 bilhões de dólares.
          O negócio é resultado de uma joint venture com o Grupo Santander anunciada em fevereiro de 2011 e abrange ainda México, Chile e Uruguai. Cada companhia de seguros, nesses países, firmará um contrato exclusivo de distribuição com as respectivas unidades bancárias locais do Santander, de acordo com os requerimentos regulatórios de cada jurisdição. A transação envolve um acordo de distribuição estratégica de 25 anos na América Latina. No Brasil, essa nova empresa recebeu a denominação de Zurich Santander Brasil Seguros e Previdência S.A.
          A Zurich, parceira do Grupo Omni na distribuição de produtos de seguridade desde 2010, foi escolhida pela Omni1, joint venture entre o Grupo Wiz Co e o Grupo, para ofertar o seguro prestamista com exclusividade e demais seguros correlatos no balcão da empresa, por 5 anos. A parceria é relevante para ampliar o portfólio de produtos oferecido pela seguradora.
          O Grupo Zurich está presente em mais de 170 países e tem mais de 60 mil funcionários.
(Fontes: revista Visão /revista Exame Melhores&Maiores / Exame - 27.09.1995 / Veja - 22.02.2011 / Meio&Mensagem - 07.10.2011 / site da empresa / Apólice - 22.05.2023- partes)

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