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1 de out. de 2011

Usiminas

          A Usinas Siderúrgicas de Minas Gerais S.A. (Usiminas) foi fundada em 1956 na cidade de Ipatinga, localizada no Vale do Aço de Minas Gerais. A criação veio do contexto do Plano de Desenvolvimento do governo Juscelino Kubitschek, de onde surgiu o famoso lema: “50 anos em 5”.                Em 1957, dá-se o acordo Lanari-Horikoshi.   
          Resultado de uma joint venture entre o capital estatal brasileiro e acionistas japoneses (entre eles, a Nippon Steel), a Usiminas iniciou suas atividades em 1962, com a produção de 500 mil toneladas de aço.
          Em 1965 é implantada a usina de produção integrada e, cinco anos depois, em 1970, é criada a Usiminas Mecânica. Em 1971, é inaugurado o centro de pesquisas e três anos depois, em 1974, é inaugurado o alto forno 3. Em 1980 é inaugurado o novo edifício sede, em Belo Horizonte.
          Em 1990, o engenheiro Rinaldo Campos Soares, na usina desde 1971, chegou à presidência da empresa.
          A Usiminas foi a primeira estatal a ser privatizada, em outubro de 1991, no âmbito do Programa Nacional de Desestatização. Em setembro de 1991, ovos, pontapés e cusparadas aguardavam os interessados no leilão da Usiminas, o primeiro do governo Collor. Convocados pela CUT, MR-8 e PC do B, os manifestantes contrários à venda transformaram a rua em frente à Bolsa de Valores do Rio de Janeiro numa praça de guerra. No dia 24 de outubro a Usiminas foi, enfim, privatizada, por US$ 1,1 bilhão. O pedaço mais importante ficou com um consórcio liderado pelo banco Bozano, Simonsen.
          Posteriormente à privatização, formatou-se o sistema Usiminas, ficando então definido, dentro da estratégia de crescimento chamada "Visão 2000", que 80% dos negócios seriam ligados diretamente ao aço e os demais 20% em negócios correlatos.
          Se já fora leiloada como joia da coroa para marcar um bom começo do programa de estatização do governo, a Usiminas se tornou muito mais rentável e eficiente. Em 1993, produziu 4,2 milhões de toneladas de aço bruto.
          Em 2000, é inaugurada a Unigal, joint venture entre Usiminas e Nippon Steel & Sumitomo Metal Corporation.
          A Cosipa é incorporada de forma definitiva à Usiminas em 2009. A mineração Usiminas é criada em 2010, em Itatiaiuçu (MG).
          Em 2011, a Usiminas passa a ser controlada por grupos japoneses liderados pela Nippon Steel & Sumitomo e pelo grupo ítalo-argentino Techint / Ternium. Há conflito societário entre os dois grupos tramitando na justiça mineira. O Grupo Ternium, pertencente a Paolo Roca, que já era integrante do bloco de controle, adquiriu a participação de outros acionistas também integrantes do bloco, a Camargo Corrêa e a Votorantim. Após a aquisição, a Ternium ficou com cerca de 43% das ações ordinárias do bloco de controle. Outra acionista relevante era a Nippon Steel, com 46,12% das ações ON do bloco.
          A operação de decapagem 3 da usina de Cubatão é iniciada em 2014.
          No dia 26 de setembro de 2014 teve início um disputa interna que provavelmente foi responsável pela crise que viria a lume no início de 2016. Foi quando a Nippon e a Techint entraram numa guerra pelo comando da Usiminas. O grupo ítalo-argentino havia comprado, três anos antes, a participação dos grupos Camargo Corrêa e Votorantim no bloco de controle da siderúrgica. A Techint pagou 5 bilhões de reais, o equivalente a 36 reais por ação, ganhou o direito de indicar o presidente e começou uma impopular série de cortes de gastos. Naquele mês de setembro (2014), os japoneses decidiram dar um "golpe" nos sócios, na interpretação da Techint.  Disseram ter descoberto uma série de pagamentos irregulares da Usiminas a um grupo de executivos ligados à Techint e, numa manobra no conselho de administração, conseguiram indicar uma nova diretoria. A Techint foi à Justiça alegando que os pagamentos haviam sido aprovados pelos comitês de remuneração da Usiminas, mas perdeu a ação e o recurso em maio de 2015. Por cinco meses, houve um período de certa trégua - até que em outubro (de 2015), ficou claro que a briga recomeçaria, dessa vez em razão das visões opostas de cada lado sobre o que fazer com o pepino em que a Usiminas se transformou.
          Foi em outubro de 2015 que o presidente da Usiminas, Rômel de Souza, voltou de uma viagem ao Japão e comunicou ao mercado, no dia seguinte, a decisão de fechar a usina de Cubatão, responsável por 40% da produção de aço bruto da empresa. A decisão não foi debatida no conselho de administração, o que enfureceu os executivos da Techint.
          A crise global na siderurgia e mineração já dragara 1,4 trilhão de dólares de valor das empresas listadas em bolsa em todo o mundo nos últimos anos.
          Em 27 de janeiro de 2016, cada um dos sete executivos que haviam confirmado presença na reunião tinha motivos para temê-la. A assunto, todos sabiam, era o sombrio futura da Usiminas, um colosso que faturava 10 bilhões de reais e empregava 20.000 pessoas. A reunião, marcada no 19º andar do escritório do Banco do Brasil, na avenida Paulista, na região central de São Paulo, teria representantes das siderúrgicas Techint (ítalo-argentina) e Nippon (japonesa), as maiores acionistas da Usiminas, um grupo de funcionários da companhia e diretores do banco estatal, seu maior credor. Os banqueiros vinham acompanhando o desempenho da empresa com lupa há pelo menos quatro meses. Com resultados em queda e uma dívida alta, a situação da Usiminas era tudo, menos confortável. Mas eles não estavam preparados para a notícia que receberiam ali. A companhia anunciaria em três semanas o maior prejuízo anual de sua história. O nível de endividamento iria às alturas. Não havia como dourar a pílula - a Usiminas estava insolvente.
          Começava ali, uma série interminável de encontros para tentar encontrar uma solução para a dívida da Usiminas antes da divulgação do balanço, marcada para 18 de fevereiro (2016). O mercado seria informado que o endividamento da empresa passaria de sete vezes sua geração de caixa para 20 vezes (numa empresa tida como saudável, esse índice não passa de três ou quatro vezes).
          Foram semanas marcadas pela mais absoluta confusão. Techint e Nippon, que controlavam a Usiminas, tinham visões opostas sobre o futuro e decidiram se comunicar em separado com os bancos. A Techint defendia a interrupção imediata dos pagamentos de juros, uma moratória de 180 dias e uma brutal reestruturação na empresa. Já a Nippon prometia aos bancos um aporte de capital que garantisse o pagamento de dívidas de curto prazo. Em troca, pedia aos credores uma renegociação das dívidas mais longas. Mas os bancos sabiam que, pelo acordo de acionistas, Nippon e Techint teriam de chegar a uma proposta consensual. Como não houve acordo, o resultado anual foi anunciado sem que houvesse uma boa notícia a dar. Em fins de fevereiro de 2016, a Usiminas valia na bolsa 2 bilhões de reais, 77% menos do que um anos antes.
          Após enfrentamentos e divergências nos dois anos anteriores, os sócios controladores da empresa finalmente chegam, em abril de 2016, a um acordo para um aumento de capital de R$ 1 bilhão. Nippon Steel & Sumitomo teria convencido a Ternium-Techint para ir em frente com a capitalização, que era a principal demanda dos credores antes da negociação da dívida que então estava em torno de R$ 6 bilhões.
          A Usiminas perdeu fôlego no mercado brasileiro e encolheu significativamente desde 2016, quando fechou a siderúrgica de Cubatão, em São Paulo. A usina passou a ser apenas uma laminadora de aço, dependente da compra de aço semiacabado (placa) no mercado interno e importação para atender os clientes do país.
          A Usiminas tem unidade de mineração em Itatiaiuçu e siderurgias em Ipatinga, Cubatão (SP) e Vitória (ES). A Usiminas Mecânica também fica em Ipatinga. Possui escritórios em Santa Luzia e Betim, em Minas Gerais, Taubaté, Guarulhos e Bonsucesso, em São Paulo, Suape, em Pernambuco e em Porto Alegre.
          O grupo Usiminas é composto pelas seguintes empresas:
                     Unigal: Joint Venture entre Usiminas e a Nippon Steel Corporation: produção de linha de galvanização a quente (HDG) para atender a demanda das montadoras.
                     Soluções Usiminas: Consolidação das empresas Rio Negro, Dufer, Fasal e Zamprogna em uma única companhia. Atuação em serviços, transformação e distribuição de aços em quatro estados: São Paulo, Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Pernambuco,
                     Mineração Usiminas: Joint Venture entre a Usiminas e Nippon Steel Corporation. Em 2019, produziu 7,4 milhões de toneladas de minério de ferro.
                     Usiminas Mecânica: prestadora de serviços da das empresas Usiminas com foco no setor de Montagens Industriais.
          Em fins de março de 2023, a Ternium comprou a participação de 9,74% da Nippon Steel na Usiminas por R$ 686,6 milhões, R$ 10 por ação ordinária. O papel fechou a R$ 7,39 em 29 de março de 2023. Com isso, a siderúrgica argentina vai passar a deter participação de 49,5% das ações ordinárias, enquanto a Nippon Steel vai ficar com 22,8%. Ambas são parte do grupo de controle da Usiminas juntamente com a Previdência Usiminas.
          Considerando dados de abril de 2021, a Usiminas tem 13.410 colaboradores e sua sede administrativa fica em Belo Horizonte, Minas Gerais.
(Fonte: revista Exame - 05.01.1994 / Revista RI - agosto 2007 / Exame - 02.03.2016 / jornal Valor Internacional 18.04.2016 / Material reunião Apimec - 2019 / DicadeHoje Research - 14.04.2021 / Valor - 30.03.2023 / - partes)

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