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6 de out. de 2011

Gafisa

          Em junho de 1954 nasce, no Rio de Janeiro, a Gomes de Almeida Fernandes, no mesmo ano da morte de Getúlio Vargas e do primeiro jogo da Seleção Brasileira de Futebol pós-derrota de 1950 no Maracanã.
          O Edifício Maripá, entregue em 1958, em Copacabana, foi a primeira construção com a marca Gafisa (ainda Gomes de Almeida Fernandes) no país. O prédio tinha dez unidades de 220 m2, uma por andar.
          A construtora e incorporadora chega a São Paulo em 1962 e no ano seguinte inicia as primeiras obras da capital paulista: os edifícios Santa Cândida e Santa Francisca, na rua Marquês de Itu, Vila Buarque. Os prédios ficaram prontos três anos depois.
          Em 1964 abre seu primeiro escritório em São Paulo e em 1988 muda o nome para Gafisa Imobiliária S.A. (provavelmente o nome vem do uso das primeiras letras de Gomes de Almeida Fernandes Imobiliária S.A.). Em 1997, a Gafisa Imobiliária celebra um acordo com a GP Investimentos. Na criação da nova sociedade, a Gafisa Imobiliária aportaria parte de seus empreendimentos e a marca Gafisa, e a GP Investimentos integralizaria a sua participação com investimento de capital próprio (dez anos depois, em 2007, a GP vende toda a sua participação acionária).
          A partir do ano 2000 o ritmo de empreendimentos Brasil afora ganha um forte ritmo. Em 2005, a Equity Internacional, tradicional investidora no setor imobiliário fora dos Estados Unidos, fundada e liderada pelo americano Sam Zell (1942-2023), passa a fazer parte do capital da empresa. Em setembro de 2007, visando entrar no mercado de baixa renda, a Gafisa pagou R$ 420 milhões por 60% das ações da Tenda e iniciou um processo de expansão e reestruturação que culminou na fusão das duas empresas, em 2010.
          Após arrumar a casa, a Gafisa resolveu segregar Tenda e fez o IPO da Tenda em 2017. Nesse intervalo, a Tenda adequou seu modelo de negócio visando aumentar a eficiência na construção, apostando forte na padronização e nos ganhos de escala.
          Numa reação rara no mercado de capitais brasileiro, no ano de 2013 um grupo de acionistas da incorporadora Gafisa protestou publicamente contra a remuneração de seus administradores. No ano anterior, a empresa teve prejuízo superior a 1 bilhão de reais, e as ações desvalorizaram 69%. Ainda assim, seis diretores levaram conjuntamente um bônus de 10,4 milhões de reais. Logo depois, esses investidores - como a gestora Rio Bravo - decidiram vender suas ações.          Em 2014 a Gafisa divulga, juntamente com sua controlada Tenda, fato relevante ao mercado informando o início de estudos para uma potencial separação de suas unidades de negócios considerando a baixa sinergia entre as operações das empresas. Mas a empresa não conseguiu se entender com os credores da Tenda, que emprestaram com a garantia do controlador. Nos últimos tempos não se tocou mais no assunto. Provavelmente é bom deixar como está, pois, a Tenda voltou a ser lucrativa, ajudando nos resultados da Gafisa.
          Por muitos anos, moradores do Rio de Janeiro e de São Paulo se acostumaram a ver em cima de edifícios um triângulo vermelho. Era sinal que a estrutura de mais um prédio com a assinatura da Gafisa estava pronta na cidade. Os triângulos eram tão conhecidos que no bairro paulistano de Moema, próximo à rota do Aeroporto de Congonhas e onde a construtora ergueu um empreendimento com 10 edifícios, com a marca registrada piscando nas lajes - pilotos diziam que usavam os luminosos como referência na hora de preparar para pousar, especialmente quando as condições climáticas não eram boas.
          O fato é que os triângulos Gafisa viraram ponto de referência nas capitais paulista e fluminense. E dentro da empresa o assunto era tão sério que até foi criado um departamento só para cuidar deles.
          Desde sua fundação, os números impressionam: são mais de 14 milhões de metros quadrados construídos em 40 cidades de 19 estados brasileiros. Isso significa que mais de 1 milhão de pessoas moram hoje em um apartamento Gafisa, o que a coloca entre as maiores e mais respeitadas construtoras e incorporadoras do mercado brasileiro.
          Considerando dados de setembro de 2018, a gestora GWI era a maior acionista da Gafisa, com participação de 37,32% e duas cadeiras no conselho de administração.
          A então nova administração, comandada pela GWI — composta por advogados sem experiência no ramo de incorporação — desagradou os investidores e ainda deixou de pagar fornecedores. A ação derreteu e a empresa fez uma recompra de R$ 18 milhões em ações em janeiro de 2019 para evitar uma desvalorização ainda maior do papel. Só que a companhia já estava muito alavancada — e gastar R$ 18 milhões só piorou o quadro — e a menor quantidade de ações no mercado levantou preocupações de investidores sobre a liquidez das ações da companhia. Desde sua estreia na bolsa, as ações da Gafisa acumulam perdas de 75%, sendo que apenas em 2019, ano da gestão do GWI, o recuo foi de 49%. 
          Em 14 de fevereiro de 2019, a GWI vendeu em leilão 33,67% das ações ordinárias da Gafisa e deixou de ser o maior acionista da companhia. A GWI estava sendo pressionada pela corretora Planner e pela própria B3 por suas posições alavancadas. A iniciativa levantou R$ 131,4 milhões a R$ 9,00 por ação. As ações da Gafisa terminaram o dia com queda de 12,8% a R$ 9,40. As ações estão agora nas mãos de um grupo de investidores financeiros locais.
          Como consequência, o gestor Mu Hak You, do GWI Group, e seu filho, Thiago You, não fazem mais parte do conselho de administração da Gafisa. Na noite do dia 15 de fevereiro (2019), a Planner Corretora e a Planner Redwood Asset Managment Administração de Recursos informaram que atingiram, por meio de fundos de investimento, 18,45% do capital da companhia.
          Em 22 de outubro de 2019, a Gafisa informa que vendeu sua participação de 21,2% na Alphaville Urbanismo, por 100 milhões de reais, para a empresa de private equity Pátria. Com isso, a Gafisa pode se dedicar melhor às suas operações do dia a dia.
          A Gafisa precisa retomar e consolidar a confiança dos investidores, abalada após a turbulenta passagem da gestão da GWI Asset Management por sua cúpula. "O caminho da confiança passa por uma premissa muito básica, que é entregar e honrar o que você está falando", afirma o vice-presidente institucional da Gafisa, Ian Andrade. Para ele, esse processo passa por "comunicar de forma didática e transparente" o que tem sido feito, além de "dar clareza dos planos da companhia em termos estratégicos, operacionais e de resultados".
          Em 30 de dezembro de 2022, a Gafisa divulgou que vendeu sua participação no empreendimento Fasano Itaim (equivalente a 80% do hotel, além de sua operação) para o Albali Fundo de Investimento Multimercado Crédito Privado. O valor do negócio é de R$ 330 milhões, incluindo a assunção de obrigações no valor de R$ 246,6 milhões.
(Fonte: revista Construção Civil - Integrando Parcerias - Edição 65 / revista IstoÉDinheiro - 21.01.2008 / revista Exame - 01.04.2015 / 27.04.2016 / 18.02.2019 / Valor 22.10.2019 / 07.06.2021 / 06.01.2023 - partes)


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