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6 de out. de 2011

Kopenhagen

          Imagina-se que muitos, ao comprar (e comer) um dos saborosos e finos chocolates Kopenhagen, fiquem imaginando a paisagem da belíssima capital da Dinamarca, perfeitamente explicável por suas belezas históricas e a forte tradição no comércio de chocolates. Mas, a origem do nome pouco tem a ver com a cidade de Copenhague.
          Eram as primeiras décadas do século XX quando o jovem David Kopenhagen abandona os estudos de medicina na Europa e decide emigrar para o Brasil. Os primeiros passos para a criação da empresa Kopenhagen foram dados na década de 1920. Em 1928, o casal Anna e David Kopenhagen, imigrantes provenientes da Letônia, inicia, na cozinha de sua casa, a produção do marzipan, um doce europeu clássico, feito da mistura de amêndoas amargas e açúcar. A primeira loja é aberta em 1929, na rua Oscar Freire, nos Jardins, na capital paulista.
          Na década de 1930, os Kopenhagen compram um enorme terreno, local de encontro da juventude, usado pelo time de futebol Flor do Itaim. O terreno era numa esquina entre a continuação da avenida Brigadeiro Luís Antônio, atual rua Joaquim Floriano, com a antiga rua Tapera, depois rua 1932 e, atualmente, rua Bandeira Paulita. A fábrica Kopenhagen, propriamente, foi ali inaugurada em 1943.
          David e Anna Kopenhagen tiveram duas filhas, Sílvia e Ana. Sílvia se casou com Jack, que foi quem acabou tocando o negócio.
          No início de agosto de 1994, pelo menos um fabricante do setor foi sondado para adquirir o controle acionário da Kopenhagen. A oferta chegou também a ser feita à área de novos negócios de um grande grupo paulista. Em sua fábrica de 13.000 metros quadrados, então localizada no valorizado bairro do Itaim, em São Paulo, a Kopenhagem chegava a produzir 50 toneladas diárias de chocolate na época da Páscoa.
          Em 1996, o empresário Celso Ricardo de Moraes, nascido em 1945, compra a Kopenhagen e a transfere, do Itaim, para Barueri (SP).
          A empresa iniciou um processo de revitalização em 2000, que foi acelerado depois que Renata Moraes, de apenas 24 anos, assumiu o controle da rede. Formada em administração, foi ela quem insistiu para que a companhia começasse a investir em marketing. Desde a fundação, em 1928, a empresa teve sua primeira aparição na mídia somente 70 anos depois.
          Em abril de 2009 a empresa anuncia o fechamento da fábrica de Barueri, e a transferência da produção para a cidade de Extrema, no sul de Minas Gerais. Os funcionários tiveram a opção de ser transferidos para a nova fábrica. O novo complexo fabril foi inaugurado em agosto de 2010, com 31 mil metros quadrados de área construída e capacidade para produzir 3,5 mil toneladas de chocolates por ano para as marcas Kopenhagen, Chocolates Brasil Cacau (vide origem da marca Chocolates Brasil Cacau neste blog) e Dan Top. O investimento feito pelo grupo foi de R$ 100 milhões. No ano seguinte, a linha de doces de chocolate Dan Top é retirada do varejo, mesmo ano em que o grupo anunciara investimentos para revitalizá-la. A Dan Top foi adquirida em 2007 e o presidente do grupo afirma que pode reativar a marca mais para frente.
          Depois de dois anos de negociações, onde a filha de Moraes, Renata, e o genro Fernando Vichi, também executivo do grupo, ficaram à frente das conversas, o grupo CRM (de Celso Ricardo de Moraes), dono da Kopenhagen e da Chocolates Brasil Cacau, fecha acordo com a tradicional Lindt (Lindt & Sprüngli), da Suíça, numa joint-venture que começou a operar em março de 2014. A Lindt tem 51% da nova empresa que vai administrar as lojas da marca no Brasil. O restante pertence à dona da Kopenhagen. Os preços de Lindt e Kopenhagen são equivalentes, ambos no segmento premium. A joint-venture já tem 37 lojas (fevereiro 2019).
          Tendo o café como uma das fortes apostas da CRM, a companhia lança no início de 2019 uma linha de cápsulas de café para máquinas Nespresso que pela primeira vez vai levar a marca Kopenhagen ao grande varejo. Um dos primeiros contratos de distribuição que a Kopenhagen firmou foi com o Grupo Pão de Açúcar (GPA).
          Em meados de 2019, depois de dois anos de pesquisa e 5 milhões de reais em investimento, a Kopenhagen adere à onda saudável com o lançamento da marca Soul Good, com tabletes e bombons sem açúcar e com apenas ingredientes naturais.
          As lojas Kopenhagen desempenham também, paralelamente, o papel de coffee shop. Só na cidade de São Paulo há 86 unidades (dados de julho de 2017).
          Em setembro de 2019, vem a lume a informação do lançamento pela Kopenhagen da rede de cafeteria Kop Koffee. A previsão para o primeiro ano era a abertura de 20 lojas. Um bom bate-papo inicial para quem for tomar um cafezinho na rede é identificar em que língua foi colocada a palavra café, em Kop Koffee. A mais próxima é a língua holandesa: Koffie. Mas também pode ser um acrônimo onde "Ko" de Koffee venha de Kopenhagem assim como o Kop, de Kop Koffee.
           Considerando dados de 2019, o grupo CRM tem mais de 800 lojas no Brasil, a maioria franquias. Da Kopenhagen antiga, resta a tradicional loja na rua Joaquim Floriano, no Itaim Bibi. Outras lojas estão instaladas nesse bairro que deu origem à Kopenhagen, assim como uma loja da Brasil Cacau.
          Em 2020, a Kopenhagen foi vendida para a gestora de private equity americana Advent.
          Em 6 de setembro de 2023 vem a lume que a Nestlé estaria muito próxima de concluir a compra da Kopenhagen. O negócio viria poucos meses depois de o Cade ter aprovado, em junho de 2023, a compra da Chocolates Garoto pelo Nestlé, processo que se arrastou por duas décadas, o que abriu caminho para novos negócios. O grupo CRM, dono da Kopenhagen, abrange também a Brasil Cacau, que se concentra em tíquetes de menor valor, além da rede de cafeterias Kop Koffee. Juntas, essas marcas possuem mais de 1 mil estabelecimentos em todo o país. Em 2021, o faturamento do grupo chegou a R$ 1,75 bilhão.         
(Fonte: Wikipédia / revista Exame - 14.09.1994 / jornal Valor - 10.07.2006 e 11.03.2014 / IstoÉDinheiro - 26.02.2019 / Valor - 12.09.2019 / CNN - 06.09.2023 - partes)

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