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1 de out. de 2011

Unilever

          A história da Unilever começou no século XIX, na Inglaterra. Numa época em que sabão era um produto genérico, vendido por peso, William Hesketh Lever, através de sua empresa Lever Brothers, teve uma ideia simples, porém muito bem aceita: dar nome e embalagens individuais aos sabões que fabricava. Assim nasceu o sabão Sunlight.
          Devido ao sucesso da ideia, em 1929 a Lever Brothers expandiu o negócio para outros países e uniu-se ao grupo holandês Margarine Unie, da área de alimentos, fundada em 1872, já que ambos utilizavam o azeite de palma como matéria-prima para seus produtos. Dessa fusão surgiu a Unilever.
Segundo o austríaco naturalizado americano Peter Drucker, que conheceu-o pessoalmente, foi  William Paarboom, um exótico holandês que comprou em Londres uma mansão vitoriana para acomodar suas quatro mulheres e os filhos, que entrou para a história dos negócios por ter convencido a família Van Den Bergh, dona de uma fábrica holandesa de margarina e sabão (a Margarine Unie) a associar-se à inglesa Lever Brothers na década de 1920 (surgindo daí a Unilever).
          O logotipo da Unilever é uma letra 'U' composta de 24 ícones que representam os valores e objetivos da empresa. Por exemplo, a abelha significa o compromisso de proteger o meio ambiente e o coração indica o compromisso de melhorar a saúde e o bem-estar das pessoas.
          O Brasil foi um dos países escolhidos e a empresa aportou já em 1929, quando surgiu sob o nome de Irmãos Lever (Lever Brothers) em São Paulo, onde montou sua sede, à época com 900 mil habitantes. Passou então a comercializar o sabão Sunlight no Brasil. A primeira fábrica foi inaugurada em 1930. Somente depois de 30 anos, em 1960, a empresa passou a ter o nome mais conhecido pelos brasileiros, ao incorporar a rival Cia. Gessy Industrial, quando a Irmãos Lever passou a adotar o nome Gessy Lever.
          Em 1970, a companhia decidiu entrar no mercado de alimentos, com o lançamento da margarina Doriana.
          Em 1985, é levada a cabo a aquisição da Anderson Clayton, fabricante da margarina Claybom e da maionese Gourmet. A margarina |Claybom foi desativada algum tempo depois.
         No final de 1992, a Gessy Lever, através de sua divisão de produtos alimentícios, Van Den Bergh & Clayton, compra a Companhia Industrial de Conservas Alimentícias - Cica, do grupo Cragnotti & Partners. Foram cinco meses de negociações entre Sérgio Cragnotti e o chefão da Gessy Lever (hoje Unilever) Umberto Aprile, que contaram com a intermediação do Banco Garantia e do banco americano de investimentos Salomon Brothers. O negócio foi fechado por 250 milhões de dólares. A Unilever, a matriz anglo-holandesa da então Gessy, colhia a maior parte de suas receitas da venda de produtos alimentícios. O Brasil, onde era conhecida como fabricante de produtos de higiene e limpeza, era uma exceção.
          Com a compra da Cica, a Gessy Lever ganhou o segundo pé que lhe faltava para firmar-se no ramo de alimentos. O primeiro passo nessa direção foi dado em 1985, com a aquisição da Anderson Clayton.
          Mais tarde, arrematou as marcas de queijo Luna e Rex. Algum tempo depois, a Cica (vide origem da marca Cica neste blog) vai parar nas mãos da gigante americana de alimentos Cargill.
          Em agosto de 1993, a divisão Van Den Bergh e Clayton, da Gessy Lever, relançou a marca Claybom. Para conquistar o público infantil, a empresa adicionou seis vitaminas na margarina.
          Em 2000, a Unilever tem o desafio de administrar a aquisição encadeada de empresas, com suas respectivas marcas. Em outubro daquele ano adquire a gigante americana de alimentos Bestfoods por 24 bilhões de dólares. O braço brasileiro da Bestfoods, a Refinações de Milho Brasil, RMD, tinha recém adquirido a Arisco, por 650 milhões de dólares, do empresário João Alves de Queiroz Filho, o Júnior.
          Em 2001, a Unilever cria a KnorrCica, que virou uma espécie de guarda-chuva que abriga outros nomes muito conhecidos, como Elefante, Pomarola e Pomodoro. O nome duplo é uma estratégia para associar o nome internacional Knorr (no Brasil ainda muito vinculado a sopas e caldos industrializados) aos produtos líderes de mercado da Cica. A operação tinha como meta levar ao fim da Cica, mas "tudo iria depender da aceitação do consumidor", conforme afirmou Priya Patel, então diretora de marketing da Unilever. A marca Knorr é usada sob licença pela BR Brands, que comercializa e distribui feijão produzido pela Ricco Brasil Alimentos, de Tatuí (SP).
           A Unilever, concomitantemente ao hercúleo desafio de fundir três empresas na maior fabricante de produtos de consumo do país, decidiu descartar algumas de suas marcas e se concentrar apenas nas maiores. Como se não bastasse, foi adicionado um complicador: no início de 2001, a Gessy Lever, como era conhecida a companhia até então, resolveu adotar no Brasil o mesmo nome usado nos outros países, Unilever. Isso também teria que ser digerido pelo mercado.
          No colossal esforço para reduzir seu portfólio de marcas, a empresa reduziu de 1600 em 2001 para 400 em agosto de 2006. No Brasil, onde havia cerca de 50 marcas, o processo acabou matando nomes como o sabão Campeiro, substituído pelo globalizado Surf. Depois de dois anos, começando em 2002, fazendo  transição do nome pouco a  pouco nas embalagens e gasto de 10 milhões de reais, a mudança foi realizada com êxito.
          Em junho de 2007, a Unilever vende para a Perdigão, por R$ 77 milhões, três marcas de margarina de sua propriedade: Doriana, Claybom e Delicata. A produção, porém, continuou a ser feita pela Unilever, em sua fábrica de Valinhos, interior de São Paulo. Pelo acordo, as duas vão produzir e distribuir juntas as margarina Becel e Becel ProActive.
          Dois meses depois da chegada do argentino Fernando Fernandez, em setembro de 2011, egresso da operação da multinacional nas Filipinas, a Unilever lançou por aqui a linha de xampus Tresemmé, que tem status de premium dentro do portfólio global de mais de 400 marcas da companhia.
          Se já eram reconhecidas como marcas fortes, hoje o portfólio de marcas da Unilever está ainda mais solidificado. Possui o conhecidíssimo Omo (vide origem da marca Omo neste blog) e a marca de combate, o sabão Brilhante. O amaciante Comfort e o produto de limpeza Cif. No setor de higiene e beleza, Close Up, Dove, Lux, Axe, Rexona e Seda (linha de xampus lançada no país na década de 1970) fazem parte da lista. No setor de alimentos, Kibon, Ades, Maizena (sinônimo de amido de milho e a marca Maizena é usada também para outros produtos como biscoitos), Knorr, Hellmann's (desde 1913), Arisco, Gourmet e Pomarola fazem parte do portfólio. As margarinas Becel e Flora estão sendo estudadas para possível venda ou alocação em área separada das operações principais.
          Sua marca Omo ganhou prêmio com uma bem-sucedida campanha de marketing chamada Porque Se Sujar Faz Bem. Mas, ecologicamente falando, é difícil deslumbrar-se com uma campanha que incentiva sujar-se e, como consequência, usar mais sabão. Especialmente para quem se depara com os tapetes de espuma, de pura poluição, formados no rio Tietê, quando passa por cidades como Pirapora do Bom Jesus no interior de São Paulo.
          No início de outubro de 2017, a Unilever comprou a brasileira Mãe Terra, que tem mais de 100 produtos integrais. Desde 2018, a Unilever usa o conhecimento da empresa fundada pelo empresário Alexandre Borges (que se manteve como presidente da Mãe Terra) para ampliar o escopo da Maizena, marca que durante 130 anos se resumiu ao amido de milho.
          Em agosto de 2019, o Brasil é palco do lançamento mundial da Unilever, no segmento de cuidados com as roupas. Começou a ser comercializado no país o sabão da marca Comfort, que até então só contava com amaciantes. Desenvolvida localmente, a fórmula do lava-roupas promete tratar as fibras do tecido para manter a peça com cara de nova por mais tempo.
          Entre as unidades da Unilever no Brasil na área de alimentos, destacam-se as de Goiânia (GO) e Pouso Alegre (MG).
(Fonte: revista Exame - 06.01.1993 / 29.09.1993 / Wikipédia / revista Forbes Brasil - 24.10.2001 / Exame - 15.02.2006 / 30.08.2006 / G1.com - 25.06.2007 / revista Exame 12.10.2016 / jornal Valor - 06.04.2017 / Exame.com - 04.10.2017 / msn - 05.12.2018 / Exame - 07.08.2019 / 18.09.2019 - partes).

5 comentários:

Mauro disse...

A Anderson Clayton não fabricava a margarina Doriana quando foi adquirida pela Unilever, favor retificar o texto.

Origem das Marcas disse...

Caro Mauro. Faz todo sentido sua observação. O texto já foi devidamente corrigido. Agradecemos sua participação.

sara jane disse...

Quando eu ouço o nome Anderson Cleiton ,vem umas lembranças nostálgicas da minha infância,, no início dos anos 80 meu pai trabalhava na fábrica em São Paulo.Pois melhores natais da minha vida e os presentes que eu ganhei foram dessa empresa nas confraternizações que eles faziam para os funcionários.Eram festas surreais,Papai Noel chegava de helicóptero muita ostentação os melhores brinquedos de marcas famosas, grande valorização a seus funcionários

Adriana Zanetti disse...

Meu Avô trabalhou na ACCO (Anderson Clayton) nas décadas de 1950 e 1960 e ele fazia parte do Club ACCO que organizava a festa de Páscoa dos funcionários e operários, juntamente com a igreja Santo Estevam da Vila Anastácio. Minha mãe conta que todos que iam à Missa de Páscoa saiam de lá recheados de Ovos de Chocolate.

Anônimo disse...

Eu trabalhei na Gessy Lever de 1984 a 1989, na área administrativa da expedição e depois na área administrativa de vendas da Van Den Bergh, em Porto Alegre-RS, na época em que fizeram a aquisição da Anderson Clayton. Que tempinho bom.