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31 de out. de 2011

Apple

          Steve Jobs, falecido em outubro de 2011 e seu amigo Steve Wozniak tiveram a ideia de juntar uma porção de circuitos, colocá-los em uma caixa e vender a máquina para consumidores comuns, dando início à revolução dos computadores pessoais. Aquela invenção, na garagem de sua casa, em 1976, deu origem à empresa de tecnologia Apple e a um setor que provocou marcas profundas na economia. Ronald Wayne também participou da abertura da empresa, então chamada Apple Computers.
          Estas foram as principais razões para a escolha da marca:
1) O nome iniciava-se com "a", portanto apareceria listado na frente da maioria dos concorrentes;
2) Ninguém esperaria uma associação de sentidos de uma maçã com computadores, sendo uma aposta no inusitado;
3) Uma maçã está ligada a uma vida saudável ("an apple a day keeps the doctor away");
4) Além do mais, a maçã desenhada com faixas é uma alusão à marca listrada da IBM e o pedaço mordido, uma clara referência ao pecado bíblico, marcava a irreverência para atrair jovens consumidores.
          Representando o fruto proibido da 'Árvore do Conhecimento' da Bíblia, a mordida na fruta (bite, em inglês) simboliza a unidade "bit" de computador.
          Apesar desses diversos mitos urbanos que ainda circulam por aí, inclusive dizendo que a maçã é um tributo aos pioneiros da ciência, Isaac Newton e Alan Turing, na verdade, o designer que fez o logotipo, Rob Janoff, nem sequer se lembra o motivo pelo qual ele escolheu a forma de uma maçã mordida.
          Aqui, citamos uma outra (possível) versão para a origem do nome: apesar do logo original da empresa trazer o físico Isaac Newton sentado embaixo de uma árvore (o mito diz que uma maçã caiu em sua cabeça e ele "descobriu" a gravidade), não vem daí a inspiração primária de Steve Jobs para a maçã no nome e no logo da marca. Em seus anos "sabáticos e de andarilho", ainda na juventude, Jobs passeou pela região do norte da Califórnia e pelo estado do Oregon. Por lá, começou a trabalhar em uma plantação de maçãs e adotou uma dieta baseada somente em frutas. Daí veio sua inspiração. Jobs acreditava que o nome era simples, divertido, inebriante e nada intimidador.
          Poucos anos depois de sua fundação, a Apple decidiu entrar na corrida pelo primeiro microcomputador comercial, criando um novo setor industrial. O Apple I levou ao Apple II, depois a outro e, por fim, ao Macintosh, comercializado pela primeira vez em 1984. Poucos se lembram de que Macintosh é uma espécie de maçã canadense.
          Em 1997, depois de 12 anos afastado da Apple, Steve Jobs voltou à empresa para salvá-la da falência. Com uma linha de produtos revolucionários, como o computador iMac, e o tocador de MP3 iPod, ele não só recolocou a companhia na trilha do crescimento como a transformou em sinônimo de inovação.
          Quem é empreendedor e pretende focar em desenvolvimento de produto, além de Steve Jobs, deve conhecer também Jony Ive: o gênio por trás dos grandes sucessos da Apple. A colaboração do designer com Jobs produziu alguns dos mais desejados itens tecnológicos de todos os tempos — como o Mac, o iPod, o iPhone e o iPad. Ive sabe como unir beleza e funcionalidade em apenas um produto, e isso tornou a Apple uma das empresas mais valiosas do mundo. O inovador chegou à Apple no final da década de 1990, e ficou conhecido por ser uma pessoa educada e tímida. Após os típicos atritos entre Steve Jobs e seus funcionários, Ive acabou sendo reconhecido pelo fundador. A parceria foi intensa, e durou até o falecimento de Jobs. No funeral, Ive o chamou de “meu mais próximo e mais fiel amigo”. Já Jobs o chamava de “seu parceiro espiritual” dentro da empresa.
“Minha intuição é boa, mas minha habilidade em articular o que sinto não era tão boa assim – e continua não sendo, para minha frustração. E é isso que é difícil, agora que o Steve não está aqui”, disse Ive à revista The New Yorker.
          O lançamento do iPod foi particularmente importante para a Apple. Em quatro anos, foram vendidos 4 milhões de unidades do tocador de MP3 e a Apple saiu do prejuízo e entrou consistentemente no lucro.
          Devido ao sucesso do iPod e da Pixar (onde Jobs trabalhou quando deixou a Apple), Jobs voltou a receber elogios como "visionário" e "revolucionário". Ele também se tornou uma personalidade muito relevante no mundo do entretenimento digital. E voltou a ser ouvida no mundo dos computadores. O alto desempenho de vendas fez com que as ações da Apple atingissem um nível histórico de valorização na Nasdaq. No exato dia em que isso ocorreu, 15 de janeiro de 2006, a Apple chegou a valer mais de 72 bilhões de dólares, valor de mercado superior à da concorrente Dell. Jobs não perdeu a oportunidade de tirar uma casquinha do rival. Em 1997, quando a Apple beirava a falência, Michael Dell chegou a dizer que a solução era fechá-la e devolver o dinheiro aos acionistas. Na manhã do dia 16 de janeiro (2006), ao saber do resultado das ações na bolsa, Jobs enviou um e-mail a todos os funcionários: "Pessoal, parece que Michael Dell não foi perfeito ao tentar prever o futuro. Hoje a Apple vale mais que a Dell. Ações sobem e descem, e as coisas podem ser diferentes amanhã. Mas eu acho que a ocasião vale um momento de reflexão hoje. Steve".
          Em 2006, a Apple tirou o "computer" do nome mesmo vendendo "Macs" como nunca, até hoje. Justamente no final daquele ano lançou o primeiro iPhone. Seu primeiro celular, com tela touch, foi uma revolução. Nenhuma ferramenta era necessária para operar o aparelho: apenas as pontas dos dedos. Realizar tarefas com telas touch tornou-se absolutamente intuitivo, como comprova qualquer um que entrega um iPad a um bebê. Produto mais lucrativo da história, o iPhone ganha uma nova versão a cada ano: mais rápida e com novas tecnologias.  Com dados até meados de 2016, já foram vendidos mais de 800 milhões de unidades de smartphone.
          Em setembro de 2012, a Apple se torna a empresa mais valiosa do mundo.
          O produto anunciado por Steve Jobs como "um telefone, um iPod e um aparelho para conectar-se à internet" passou a ser muito mais do que isso. É a plataforma de computação mais importante do planeta e um negócio que representa dois terços do faturamento da Apple. Mas o sucesso do iPhone começa a fazer sombra na empresa. Sem uma inovação do mesmo porte no horizonte e diante de sinais de desaceleração no mercado de smartphones, a empresa precisa definir o caminho a seguir.
          Em 10 de fevereiro de 2015, a Apple atinge US$ 710,7 bilhões de valor de mercado, a primeira empresa americana a estabelecer esta marca.
          O relógio inteligente Apple Watch foi lançado em 2015 e, apesar do sucesso inicial, é incerto se o produto será uma plataforma lucrativa e onipresente como o iPhone.
          Apesar do silêncio oficial sobre o assunto, não há dúvida de que a Apple esteja desenvolvendo um carro. O projeto tem o nome interno de Titan e envolve mais de 600 pessoas, incluindo vários engenheiros com experiência em veículos autônomos, segundo reportagens publicadas na imprensa americana.
          Capitalizada, a big tech prefere ir às compras. Tim Cook revelou algo surpreendente. Segundo ele, a gigante de Cupertino fez cerca de 100 aquisições num período de seis anos – uma a cada três ou quatro semanas. Um dos grandes méritos de Steve Jobs em criar o iPhone foi o de unir, em um único aparelho, diversas tecnologias que já existiam separadas. Se olharmos para a história da Apple, fica claro que essa estratégia não foi usada apenas no famoso smartphone da companhia. Parte do brilhantismo de Jobs era saber quais tecnologias poderiam ser acrescentadas aos seus produtos – fossem elas próprias ou compradas de terceiros. Mesmo sem Jobs, a empresa segue na mesma estratégia. Ao longo das décadas, a empresa de Cupertino desenvolveu quase uma ciência para fazer fusões e aquisições.
          Ninguém pode dizer que deu errado. Com valor de mercado de US$ 2,1 trilhões, a Apple é a empresa de capital aberto mais valiosa do mundo. Durante uma teleconferência com analistas e investidores, Cook afirmou que a maior parte das compras tem como objetivo adquirir tecnologias diferentes das que estão sendo desenvolvidas dentro de casa e contratar os talentos que trabalham nessas empresas. Em sua maioria, são companhias menores de tecnologia, cujas inovações são incorporadas aos produtos da Apple.
          Historicamente, a empresa usa as aquisições como ferramenta para complementar os produtos mais importantes de seu portfólio – ao longo das décadas, o foco mudou dos computadores para os smartphones, por exemplo. Quando alguém desbloqueia um iPhone com reconhecimento facial, está usando tecnologias de pelo menos três companhias adquiridas: PrimeSense, RealFace e Faceshift. Quatro das maiores aquisições da história da Apple tiveram como objetivo melhorar o desempenho dos chips para o smartphone. É o caso da unidade de modem para smartphones da Intel (US$ 1 bilhão em 2019), da Dialog Semiconductor (US$ 600 milhões, 2018), da Anobit Technologies (US$ 500 milhões, 2011) e da PA Semi (US$ 278 milhões, 2008).
          Mais recentemente, a Apple tem se concentrado no negócio de música. A maior aquisição da história da Apple foi a Beats Electronics (US$ 3 bilhões, 2014), uma fabricante de fones de ouvido fundada pelo rapper e produtor Dr. Dre. A Beats tinha também um popular serviço de streaming de música – um dos principais motivos para essa compra foi trazer os executivos da empresa para o Apple Music. Outra compra que se destaca nessa área é o Shazam (US$ 400 milhões, 2017), um aplicativo que identifica músicas. Na época, a Apple afirmou que a aquisição era um “fit natural” com seu serviço de streaming.
          A lista de aquisições é extremamente variada. Em 2020, a Apple comprou empresas de inteligência artificial, de eventos em realidade virtual, de pagamentos e de podcasts, entre outras. Em 2019, adquiriu a empresa de carros autônomos Drive.ai, em uma tentativa de ampliar seus esforços na tecnologia de condução autônoma. Talvez, num futuro não muito distante, vejamos mais compras no setor de saúde. Isso porque Tim Cook anunciou que a empresa trabalha em algo que pode ser ainda mais importante que o próprio iPhone, na área de saúde e bem-estar.
          Em maio de 2022, a  Apple descontinua o iPod mais de 20 anos depois que o dispositivo se tornou a cara da música portátil e deu início à evolução meteórica da atualmente maior empresa do mundo em valor de mercado (superada pela petroleira Saudi Aramco, da Arábia Saudita, em 11 de maio de 2022). O iPod Touch, a única versão do tocador de música portátil ainda à venda, estará disponível até durarem os estoques. Desde o lançamento em 2001, o iPod enfrentou uma tempestade de concorrentes antes de ser eclipsado pelos smartphones, streamings de música online e, dentro da Apple, pela ascensão do iPhone. O iPod passou por várias versões desde a sua primeira, que tinha capacidade para armazenar 1.000 músicas e uma bateria de 10 horas. A versão que era fabricada até hoje - o iPod Touch - foi lançada em 2007, mesmo ano do iPhone. A Apple parou de reportar as vendas do iPod em 2015.
          A Apple decidiu encerrar seu ambicioso projeto de desenvolver um carro elétrico autônomo, finalizando uma jornada de cerca de dez anos que representou um dos esforços mais visionários da empresa. Essa reviravolta interna, anunciada em 27 de fevereiro de 2024, pegou de surpresa os aproximadamente 2 mil colaboradores envolvidos no projeto, marcando o fim de uma iniciativa de vulto bilionário.
(Fonte: livro: Coletânea HSM Management - PubliFolha - edição 2001 / revista Exame - 25.09.1996 / 13.04.2005 / 01.02.2006 / 04.07.2007 / msn Economia e Negócios 04.12.2014 / jornal Valor - 11.02.2015 / MSN Negócios - 29.10.2015 / Veja - 06.01.2016 / Exame - 25.05.2016 / 28.09.2016 / Exame.com (via MSN) - Mariana Fonseca - 24.01.2017 / msn - Dinheiro - 05.12.2018 / 21.02.2019 / Época Negócios - 27.02.2021 / 10.05.2022 / Empiricus - 28.02.2024 - partes)

Versão II

          No dia 15 de agosto de 1998, a Apple pôs nas lojas um computador de corpo único, com monitor integrado, cuja parte traseira era de um plástico azul translúcido. O iMac faz, nesta semana, 25 anos. Foi um computador icônico, todo mundo lembra da sua cara. Mas foi, igualmente, um computador revolucionário. O mundo digital que conhecemos hoje, inclusive os smartphones que usamos, dificilmente existiriam se não fosse aquela máquina. Steve Jobs, fundador da Apple, havia sido expulso da companhia em 1985. Aí foi tocar a vida. Quando foi trazido de volta, em 1997, a empresa estava no chão. Não tinha recursos para se manter de pé por muito mais tempo. Precisava, pois, de um produto. Um único produto – e esse único produto tinha de ser um tiro certeiro, algo de tanto sucesso que puxasse o valor das ações da empresa para cima e pusesse dinheiro o suficiente em caixa para garantir algum fôlego. Esse ano, 1998, é tão distante quanto próximo. Já mudou tanta coisa, desde então, que muitas vezes perdemos a perspectiva de como era diferente. Muita gente, por exemplo, não tinha um computador em casa. Já havia internet, claro, a rede apareceu fora das universidades três anos antes. Àquela altura, muita gente já havia se convencido de que precisava estar online, mas hesitava. Comprar um computador, configurar a rede, fazer a primeira conexão. Tudo parecia muito complicado. As pessoas contratavam técnicos para fazer o serviço, professores para explicar como navegar. Com cor de jujuba, aquela máquina era feita para não intimidar. Algo que as pessoas teriam orgulho de ter em cima da mesa. E já vinha pronta para se conectar à internet, tudo o mais intuitivo possível. O i de iMac, esquecemos muito rápido, era de internet. Com ele, Jobs começou uma arrancada criativa que o consolidaria como talvez o nome mais importante da história do Vale do Silício. Em 2001, foi o momento de ele colocar o iPod à venda. Havia outros tocadores de música digital, como no lançamento do iMac existiam outros computadores que acessavam a internet. Mas aquele era mais fácil de usar. O iPhone veio em 2007. Era como juntar o iPod e um iMac com um celular. Foi também o primeiro smartphone. A partir dali, a própria internet mudaria radicalmente. Se tornaria móvel, social, cada vez mais ancorada em imagens. A Apple é hoje a empresa mais valiosa do Ocidente. Se não fosse o iMac, a empresa não sobreviveria. Sem ela e sem Jobs em seu comando, nossa experiência online seria completamente diferente. l Vivemos no mundo que o iMac criou Aquela máquina era feita para não intimidar. E já vinha pronta para se conectar à internet.
(Fonte: Estadão - 18.08.2023)


German version:
     Die Erfolgsgeschichte von Apple begann 1976, als Steve Jobs, Steve Wozniak und Ronald Wayne mit einem Startkapital von 1750 US-Dollar das Kultunternehmen gründeten. Der erste Personal Computer kam als "Apple 1" im selben Jahr auf den Markt und wurde für 666,66 US-Dollar bei der Computerkette Byte-Shop verkauft wurde. Der Apple 2 ging dann bis 1985 zwei Millionen mal über die Ladentische und galt als bis dahin weltweit erfolgreichster PC.
     Der Firmensitz von Apple befindet sich im kalifornischen Cupertino. Ursprünglich wurden Apple-Computer vorrangig für grafisch anspruchsvolle Aufgaben eingesetzt. So zum Beispiel zur Erstellung von Zeitungslayouts, in der Bildbearbeitung bzw. für das Desktop-Publishing in der Druckvorstufe. Mitte der 1990er-Jahre geriet Apple in wirtschaftliche Schwierigkeiten, wobei 1997 die Insolvenz nur dank einer kräftigen Finanzspritze von Microsoft abgewendet werden konnte.
     Seitdem überzeugte Apple durch laufende Produktinnovationen. Dabei wandelte sich der Computerhersteller zum weltweit führenden Multimediakonzern mit einem Produktsortiment, das von  PCs (iMac) über Mediaplayer (iPod), Notebooks (MacBook), Mobiltelefone (iPhone) bis hin zu Tablet-PCs (iPad) reicht und Kultstatus aufweist. Zu den Hauptkonkurrenten zählen Microsoft, Samsung, Facebook sowie Research in Motion.
(Fonte: Europas Erstes Finanzportal Boerse.de)

Um comentário:

Anônimo disse...

ótimo.