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30 de out. de 2011

Banco do Brasil

          Criado em outubro de 1808, com a vinda de D. João VI ao Brasil, reflexo da invasão de Napoleão Bonaparte a grande parte do território europeu, o Banco do Brasil (BB) foi o primeiro banco a operar no país.
          Como uma das providências para pagar os gastos da família real no Brasil e o pagamento das despesas de viagem da vinda da corte ao país, formou-se a ideia insustentável no longo prazo de criar um banco estatal para emitir moeda. A breve e triste história do primeiro Banco do Brasil, criado pelo príncipe regente (D. João VI) sete meses depois de chegar ao Rio de Janeiro, é um exemplo do compadrio que se estabeleceu entre a monarquia e uma casta de privilegiados negociantes, fazendeiros e traficantes de escravos a partir de 1808.
          Pela carta régia de outubro de 1808, o capital do Banco do Brasil seria composto de 1200 ações ao valor unitário de um conto de réis. Para estimular a compra dessas ações, a Coroa estabeleceu uma política de toma-lá-dá-cá. Os novos acionistas eram recompensados com títulos de nobreza, comendas e a nomeação para cargos de deputados da Real Junta de Comércio, além da promessa de dividendos muito superiores aos resultados gerados pela instituição.
          Em troca, o príncipe regente tinha à disposição um banco para emitir papel-moeda à vontade, tanto quantas fossem as necessidades da corte recém-chegada. Como resultado, quem era rico e plebeu virou nobre. Quem já era rico e nobre, enriqueceu ainda mais. A mágica funcionou durante pouco mais de dez anos.
          Em 1820, o novo banco estava arruinado. Seus depósitos em ouro, que serviam de garantia para a emissão de moeda, representavam apenas 20% do total de dinheiro em circulação. Ou seja, 80% correspondiam a dinheiro podre, sem lastro. Noventa por cento de todos os saques eram feitos pela realeza. Para piorar a situação, ao retornar a Portugal, em 1821, D.João VI levou todas as barras de ouro e os diamantes que a Coroa mantinha nos cofres do banco, abalando definitivamente sua credibilidade.
          Falida e sem chances de recuperação, a instituição teve de ser liquidada em 1829, sete anos depois da Independência. Foi recriada duas décadas e meia mais tarde, em 1853, já no governo do imperador Pedro II. O atual Banco do Brasil vive, portanto, a sua segunda encarnação, na qual teve momentos muito semelhantes aos de sua origem, ao financiar, sem garantias, políticos, usineiros e fazendeiros quebrados.
          Com sede no Rio de Janeiro, a filial paulistana foi instalada em 1856.
          As primeiras décadas de existência o Banco do Brasil estava longe das pessoas. Era muito mais um Banco Central, controlando a quantidade de moeda na economia. Tinha, na virada do século, 133 funcionários. Passou a ter ações na bolsa em 1906.
          A instituição tem buscado sempre crescer e buscar novas oportunidades. Em 2008, comprou a Nossa Caixa (vide origem da marca Nossa Caixa neste blog).
          Em 2011 anunciou a aquisição do Eurobank, banco nos Estados Unidos, operação que abre a possibilidade de atuação no mercado americano de varejo. Assim, o BB passa ter oportunidade de expandir seus negócios em mercado potencial constituído por mais de 1,5 milhão de brasileiros residentes nos Estados Unidos.
          Em abril de 2013, o Banco do Brasil separou sua divisão de seguros, previdência e capitalização e criou a BB Seguridade.
          Em 26 de outubro de 2018, o Banco do Brasil anunciou a saída do presidente Paulo Caffarelli a partir de 1º de novembro, que apresentou renúncia e irá comandar a empresa de meios de pagamento Cielo. Ele foi substituído por Marcelo Augusto Dutra Labuto, nascido em 1971, então vice-presidente de Negócios de Varejo da estatal.
          O Banco do Brasil conta com um banco e uma corretora nos Estados Unidos, o Patagonia, da Argentina, e uma subsidiária na Áustria, a BB AG. Tem agências no Paraguai, Alemanha, e é o único banco brasileiro com unidades no Japão e em Xangai, na China. O público institucional é atendido ainda por uma corretora em Londres.
(Fonte: livro: 1808 (Laurentino Gomes) / jornal Valor - 17.05.2011 / Exame - 02.04.2014 / IstoÉDinheiro - 26.10.2018 / Estadão - 14.01.2024 - partes)

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