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5 de out. de 2011

Madero

          Luiz Renato Durski Junior, o Junior Durski, paranaense nascido em Prudentópolis, em 1963, é ex-madeireiro em Roraima, onde por quinze anos explorou a riqueza natural amazônica. Nunca esqueceu, porém, a paixão gustativa da juventude: o hambúrguer. Era fascinação inspirada no personagem Dudu, o comilão batizado de Wimpy nos EUA, criado pelo mesmo desenhista do Popeye.
          Junior Durski conheceu o sanduíche em uma viagem a Ponta Grossa, distante 98 quilômetros de Prudentópolis. Ele tinha 12 para 13 anos. Desceu na rodoviária em Ponta Grossa e encontrou uma lanchonete de hambúrguer. Ali ele comeu o primeiro sanduíche desse tipo. Era um cheeseburguer-salada - hambúrguer, queijo, salada e maionese (que em algum momento todos passaram a chamar simplesmente de X-Salada, onde o "X", como se sabe, vem da pronúncia de "cheese", queijo em inglês). A partir de então, o adolescente juntava dinheiro só para ir de ônibus até Ponta Grossa e saborear cheeseburger-salada na rodoviária. Segundo Durski, ele nem visitava a cidade. "Comia três sanduíches, matava a vontade e voltava. Eram três horas na estrada, de ida e volta, porém felizes."   
          Sua paixão pela gastronomia o fez viajar pelo mundo com o intuito de aprender técnicas culinárias e posteriormente, abrir restaurantes. A primeira aposta foi a criação do restaurante Durski, em 1999, cuja proposta é a alta gastronomia.
          Sua incursão pelo fast-food começou em 2005, em Curitiba, com uma hamburgueria para 56 clientes que ocupou o ponto onde antes funcionava um bar mal-afamado. Foi intitulado Madero, como homenagem à atividade madeireira em que Durski dedicou muitos anos de sua vida. A logo foi também inspirada em sua profissão, que gostaria de remeter de alguma forma na logotipo, por isso a árvore.
          Esse restaurante focou em sanduíches e carnes, destacando-se nos hambúrgueres. Ambos os restaurantes se destacam no cenário nacional e internacional. Os restaurantes obedecem a dois conceitos. Um é o Madero Steak House, instalado nas cidades, com influência da gastronomia internacional e tendo o hambúrguer como carro-chefe. O outro é o Madero Container, similar ao primeiro, porém funcionando na beira de estradas.
          A infraestrutura é voltada para o aconchego, comodidade e conforto de seus clientes, com um design único. A grande maioria dos clientes é atraída pelo cheeseburger, em oito variações. A opção batizada de Madero, servida em pão francês, pesa 190 gramas, leva queijo cheddar, creme de palmito, alface, tomate e cebola assada.
          Todo o ecossistema do Madero é controlado por uma administração central, em Curitiba, e abastecido por uma fábrica de alimentos própria, em Ponta Grossa (sim, onde Durski comeu o primeiro hambúrguer), a 100 quilômetros de Curitiba, com capacidade para produzir 2 milhões de hambúrgueres por mês. A rede Madero emitiu títulos de dívida. Captou 80 milhões de reais e usou parte dos recursos para construir a fábrica em Ponta Grossa.
          Não se imagine, contudo, que a batalha do sanduíche de carne pelo paladar tenha terminado, apesar de todo o cuidado que o cerca. O hambúrguer gourmet nunca será considerado alta gastronomia. Entretanto, o slogan afixado na fachada dos estabelecimentos é ambicioso: The best burguer in the world (O melhor hambúrguer do mundo).
          Considerando dados do início de novembro de 2017, o Madero já abriu 105 restaurantes em 53 cidades brasileiras, de catorze estados, além de uma filial em Miami, nos Estados Unidos. A rede atende mensalmente 1,2 milhão de pessoas e o faturamento anual gira em torno de 700 milhões de reais. Em setembro de 2016, o número de colaboradores era de 1400 pessoas. Os números incluem apenas as cadeias Madero, Stake House e Jerônimo (de apelo mais popular, de hambúrgueres com tíquete médio mais baixo). A empresa ainda tem duas outras redes de sanduíches - que levam o sobrenome de Durski - em fase de desenvolvimento. O apresentador Luciano Huck detém 5% do negócio.
          Logo após as eleições no Brasil (28.10.2018) e divulgado em 10 de novembro, o Madero, então com 139 unidades, fecha a venda de uma fatia de 22,3% da rede de hamburguerias para o fundo americano Carlyle (empresa de private equity), por R$ 700 milhões. O acordo, para ser efetivado, prevê processo de due dilligence (análise de dados financeiros) que deverá se estender até de janeiro de 2019. O negócio estimou o valor total do Madero em R$ 3 bilhões. O crescimento do Madero foi financiado por dívidas, que estavam concentradas com o fundo HSI. Por ocasião do negócio, os débitos do Madero somavam R$ 520 milhões. Dos R$ 700 milhões a serem aportados pelo Carlyle, R$ 600 milhões devem ir para o caixa da empresa, e o restante, para o bolso dos sócios. O contrato foi assinado no fim da noite de 24 de janeiro de 2019, depois de um período de negociações mais intensas para acertar pontos sobre governança e avaliação final da rede.
          No início de julho de 2020, Luciano Huck decidiu vender a participação que tinha na rede de restaurantes Madero. Agora, sua parte na empresa também fica sob o controle de Junior Durski, sócio majoritário.
          Em fins de novembro de 2021, sem dinheiro para pagar as responsabilidades de curto prazo, o Madero teve de recorrer ao fundo Carlyle em busca de alívio. O Carlyle se comprometeu a injetar mais R$ 300 milhões na rede. Em acordo anunciado em 22 de novembro de 2021, o Madero informou que o Carlyle fará um aumento de capital na empresa. Ainda não está claro qual participação adicional Carlyle comprou. A gestora americana já era acionista da rede de fast-food desde 2019, quando investiu R$ 700 milhões em uma participação de 27,6%. A Carlyle também deterá uma pequena parte das ações do Sr. Durski em uma transação secundária. O private equity vai comprar 2,4 milhões de ações de sua propriedade, o equivalente a 0,76% antes do aumento de capital. Antes da transação, o fundador da Madero possuía 205,5 milhões de ações, dando a ele uma participação de 64,8% na empresa. No fato relevante, a empresa fez questão de frisar que Durski continua com o controle da empresa.
          Incluindo a bandeira Dundee Chicken & Burgers, também de fast-food, mas com foco na proteína do frango, em fim de junho de 2022, o grupo tinha 267 restaurantes.
          Considerando dados de 1 de setembro de 2022, Durski Jr. é dono de 58,64% do capital social do grupo Madero enquanto o Madri, ligado ao fundo norte-americano The Carlyle Group, possui 34,39%.
(Fonte: Flávia Baumel, Jair M. Borba Junior, Jeferson Rudnik, Mariana Blizkow, Mayara Assad, Nathaly Rietow e Patricia Dranka / revista Exame - 14.09.2016 / revista Veja - 08.11.2017 / Estadão Conteúdo - 10.11.2018 / UOL - 05.07.2020 / Valor - 23.11.2021 - partes)

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